Devocional Diário TUDO PARA ELE, de Oswald Chambers Publicação: Editora Betânia.

IMPORTANTE: AS DEVOCIONAIS DIÁRIAS ESTÃO ARQUIVADAS E VOCÊ PODE PESQUISAR O DIA DO ANO QUE QUISER E LER A QUALQUER MOMENTO.


Passo a publicar também, algumas meditações de Brennan Manning, do devocional "Meditações para Maltrapilhos". (dez/2011)

"Estas leituras diárias foram coletadas de várias fontes, mas principalmente de conferências proferidas por Oswald Chambers no Bible Training College, Clapham, durante os anos de 1911 a 1915; depois, de outubro de 1915 a novembro de 1917, das palestras feitas nos cultos noturnos dos acampa-mentos do Y.M.C.A (Associação Cristã de Moços), em Zeitun, no Egito.

Em Novembrode 1917, meu marido foi chamado à presença de Deus. Desde então muitas dessas palestras foram reunidas em volumes e publicadas. Parte destes textos é constituída de mensagens pronunciadas durante a hora devocional no colégio - hora que, para muitos alunos, foi um marco em sua vida espiritual. "

"Os homens estão sempre se voltando aos poucos que dominam o segredo espiritual, cuja vida está escondida com Cristo em Deus. São os da religião dos velhos tempos, pendentes dos cravos da cruz." (Robert Murray McCheyne.).

Por sentir que o autor desta obra é um desses, cujos ensinamentos os homens voltam sempre a consultar, é que este livro foi preparado e lançado com uma oração para que, dia a dia, suas mensagens continuem a produzir a vida e a inspiração vivificantes do Espírito Santo".
B.C. 1927

31/03/2011

31 de Março

Atenção ou Mera Hipocrisia da Nossa Parte?
"Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá e 
Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte", 1João 5,16

Se não estivermos atentos à maneira através da qual o Espírito de Deus é operante em nós, acabaremos nos tornando nuns hipócritas falhados. Percebemos tudo sobre todos os pontos onde os outros falham e facilmente transformaremos nosso discernimento em crítica, em vez de ser em intercessão a favor deles. A revelação nos é feita, não através da nossa mente atenta, mas, da revelação direta do Espírito de Deus; e se não ficarmos atentos à fonte da revelação, seremos fontes de crítica e esqueceremos que Deus diz: "Pedirá e Deus lhe dará vida aos que não pecam para morte". Tomemos cuidado para não agirmos como hipócritas, perdendo nosso tempo na tentativa de corrigir os outros, quando nós mesmos não adoramos a Deus e necessitamos ser antes corrigidos.
Um dos fardos mais subtis que Deus coloca em qualquer um de nós, seus filhos, é esse do discernimento relativamente a outras pessoas. Ele revela-nos tais coisas com a finalidade de podermos levar o fardo dessas pessoas para diante ele, descobrir o propósito de Deus quanto a elas e, na medida em que intercedemos de acordo com a vontade dele, Deus diz que nos dará "vida para os que não pecam para morte". Então não se trata de "convencermos" a Deus daquilo que queremos, antes a nós mesmos e de crescermos na comunhão com ele, até que ele nos possa manifestar suas intenções em relação à pessoa por quem intercedemos diante Ele e a quem não mentimos.
Estará Jesus Cristo vendo o fruto do penoso trabalho de sua alma em nós? Não poderemos vê-lo enquanto não estivermos tão identificados com ele até que sejamos levados a perceber como ele vê as pessoas pelas quais oramos. Possamos nós aprender a interceder através de tal sinceridade que Jesus Cristo fique extremamente satisfeito conosco sendo intercessores fidedignos.

30/03/2011

30 de Março

Santidade ou Dureza Para com Deus
"E maravilhou-se de que não houvesse um intercessor", Is 59,16

A razão por que muitos de nós abandonamos a oração e nos tornamos amargurados contra Deus é que sempre tivemos um interesse somente sentimental pela oração. Soa bem dizermos que oramos; lemos livros sobre oração que nos dizem ser muito benéfica e que nos tranquiliza a mente e que eleva nossa alma quando oramos; mas, Isaías dá a entender que Deus fica estupefato com os muitos pensamentos eloquentes sobre a oração.
Adoração e intercessão devem sempre caminhar juntas; uma é impossível sem a outra. Intercessão significa que nos despertamos para nos batizarmos com a mente de Cristo em relação àquela pessoa por quem oramos. Com demasiada frequência, em vez de adorar a Deus, formulamos meras regras sobre como a oração funcionaria. Estaremos adorando a Deus ou argumentando com ele: "Não vejo como vais fazer isto", dizemos a Ele. Tal atitude é sinal claro de que não estamos adorando a Deus, porque não estamos vendo quem ele é de fato. Quando perdemos Deus de vista, tornamo-nos endurecidos e dogmáticos. Atiramos nossas petições ao trono de Deus e lhe ditamos o que queremos que ele faça. Não adoramos a Deus, nem procuramos formar em nós a mente de Cristo. Se nos tornamos endurecidos para com Deus, seremos assim para com as pessoas também.
Será que estamos adorando a Deus de tal maneira que nos despertamos para buscá-lo, a fim de podermos compreender o propósito dele em relação às pessoas por quem oramos? Estaremos vivendo num relacionamento santo com Deus ou estamos sendo rígidos e dogmáticos?
"Mas não há ninguém intercedendo adequadamente". Então seja você esse intercessor, seja você aquele que adora a Deus e vive através dum relacionamento santificado com ele. Entregue-se ao verdadeiro trabalho de intercessão, lembrando-se de que se trata de um trabalho, um trabalho que exige todas as suas energias; mas um trabalho sem riscos. O trabalho de pregar acarreta riscos, a oração intercessória, não.

29/03/2011

29 de Março

As Visitas Surpresa do Senhor
"Ficai também vós apercebidos", Lc 12,40

A grande necessidade do obreiro cristão é estar preparado para dar de caras com Jesus Cristo a qualquer momento. E não será fácil, não importa qual seja a nossa experiência. A luta aqui não é contra o pecado, ou dificuldades, ou circunstâncias, mas contra a tendência de estarmos tão absorvidos e consumidos pelo trabalho que não nos preparamos para estar frente a frente com Jesus Cristo a qualquer momento. Essa é a nossa grande necessidade - não a de encarar a nossa crença, ou o nosso credo, ou procurar descobrir se somos úteis ou não - mas encontrarmo-nos frente a frente com ele a qualquer instante.
Raramente Jesus aparece onde o esperaríamos; ele aparece onde e quando menos o esperamos e sempre da maneira mais imprópria e inesperada. A única maneira pela qual o obreiro se mantém fiel a Deus é estando sempre preparado para as visitas-surpresa do seu Senhor que disse apenas que vinha. Não é o serviço que importa, mas uma intensa vivência espiritual, na expectativa de que Jesus Cristo pode aparecer a qualquer momento. Será isso que gera em nós aquela atitude de admiração, própria nas crianças, que tanto lhe agrada. Se quisermos estar preparados para um encontro com Jesus Cristo, temos que romper com nossa religiosidade - parar de praticar religião como se ela fosse uma espécie de cultura mais elevada - e sermos espiritualmente autenticados.
Se você estiver com os olhos postos e fixos em Jesus, Hb 12,2, desviando-se dos apelos da era religiosa em que vive e fixando o coração naquilo que ele quer e nos pensamentos que lhe agradam sempre, será chamado de idealista e sonhador por esses mesmos religiosos; mas, quando ele aparecer na hora de maior calor desse dia, você será o único a estar preparado e eles não. Não deposite sua confiança em ninguém - nem mesmo no homem mais santo que tiver passado pela terra; se ele obscurecer sua visão sobre ou de Jesus Cristo, ignore-o por inteiro e sem dó.

28/03/2011

28 de Março

Haverá um Mal-Entendido?
"Vamos outra vez para a Judéia. Disseram-lhe os discípulos... voltas para lá?" João 11,7-8

Posso até não compreender o que Jesus Cristo diz, mas é arriscado dizer que, por essa razão, ele pode estar enganado no que diz. É um absurdo absoluto pensar que um ato de obediência de minha parte para com Deus possa trazer desonra a Jesus. A única coisa que o desonrará é não obedecer-Lhe. Nunca é acertado permitir que a minha opinião tome o lugar de destaque acima da Sua honra nas coisas para as quais ele está claramente a impelir-me para efetuar, embora isso possa nascer também dum autêntico desejo de impedir que ele seja envergonhado. Sabemos quando uma ordem vem de Deus pela sua persistência calma. Quando, ao pesar os prós e os contras, surgem as dúvidas e os debates por dentro, isso indica que acrescentamos dados que claramente não vêm de Deus, o que me leva a concluir que acho que Seus mandamentos claramente não me eram familiares ainda. Muitos de nós somos leais às nossas idéias acerca de Jesus Cristo, mas quantos de nós somos leais só a ele? Ser leal a Jesus significa que tenho de dar um passo em frente sem ver onde estou pisando, Mt 14,19; ser leal às minhas idéias significa que primeiro avalio tudo com minha inteligência e só depois penso na inteligência de Jesus. A fé não é uma compreensão inteligente porque Jesus é mais inteligente e mais diligente que todos nós juntos; fé é uma deliberada entrega de mim mesmo a uma Pessoa, mesmo quando não estou enxergando nada.
Está na dúvida se deve dar um passo pela fé por Jesus ou se deve esperar até que possa ver como fazer a coisa por si mesmo? Obedeça-lhe alegre e despreocupadamente. Quando ele diz alguma coisa e você começa a questionar, é porque a sua concepção a respeito da honra de Cristo é diferente da que ele tem. Você é leal a Jesus, ou leal às idéias que tem sobre Ele ainda? Você é leal ao que ele diz, ou está tentando fazer concessões a conceitos que jamais viriam dele? "Fazei tudo o que ele vos disser".

27 de Março

A Visão Espiritual pela Pureza Pessoal
"Sobe para aqui e te mostrarei (coisas)", Ap 4,1

Um bom estado de espírito só pode advir de bons hábitos partindo de nosso caráter. Se nas coisas exteriores de sua vida você estiver vivendo de acordo com o mais elevado padrão que conhece, Deus dirá continuamente: "Amigo, suba mais". A regra áurea na hora da tentação é - suba mais. Quando você sobe mais, depara-se com outras tentações. Satanás usa a "estratégia da elevação" na tentação e Deus pode fazer o mesmo, mas para alcançar um efeito distinto. Quando o diabo o colocar num alto retiro, ele o obriga a torcer a sua noção de santidade, colocando-a acima do que a carne e o sangue suportariam; é uma façanha de acrobacia espiritual na qual você se sente precariamente equilibrado e não ousará mover-se dali com medo de tropeçar e cair; mas, quando Deus, pela sua graça, o eleva a lugares celestiais, em vez de encontrar um pináculo no qual necessita agarrar-se para não cair, antes achará uma enorme planície onde poderá mover-se com bastante à vontade.
Compare sua experiência espiritual desta semana com a da semana correspondente do ano passado para ver como Deus o tem chamado mais para cima. Todos nós estamos sendo levados a ver as coisas de um ponto de vista mais alto e mais sublime ainda. Nunca deixe de corresponder instantaneamente a qualquer verdade que Deus lhe revele. Desenvolva-a sempre, mantendo-se sob a luz total dela.
O crescimento na graça não é medido pelo fato de você não ter regredido, mas, pela percepção que tem de sua verdadeira situação espiritual, se ela a aproximou mais de Deus ainda; você talvez ouviu Deus dizer "Suba mais", não a si pessoalmente, mas a essa percepção que você tem por dentro de seu próprio ser.
"Ocultarei a Abraão o que estou para fazer?" Deus tem que esconder de nós o que ele faz até alcançarmos o nível de caráter no qual ele nos possa revelar algo.

26/03/2011

26 de Março

A Visão Espiritual vindo da Pureza Pessoal
"Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus", Mt 5,8

A pureza não é inocência, é muito mais do que isso. A pureza é o resultado de uma constante afinidade e sintonia espiritual com Deus. Temos que crescer em pureza, em comunhão. Nossa vida interior com Deus pode estar certa e toda a sua pureza permanecer imaculada e, mesmo assim, uma vez por outra, a beleza exterior pode ainda ser ofuscada. Deus não nos protege contra essa possibilidade remota, porque dessa forma tomaremos plena consciência da necessidade absoluta de mantermos a visão pela necessidade da pureza pessoal. Se a frescura espiritual da nossa vida exterior com Deus estiver sofrendo o mais leve dano ou sujeira, devemos abandonar tudo para restaurá-lo logo. Lembre-se de que a visão depende do caráter - são "os limpos de coração que verão a Deus".
Deus purifica-nos com sua graça soberana, mas temos algo para cuidar; esta vida física através da qual entramos em contacto com outras pessoas e com um sem número de opiniões, é o que pode sujar-se. Não é apenas o santuário interior que deve ser mantido em ordem diante de Deus, mas, as áreas externas também precisam ser mantidas em perfeita harmonia com a pureza que Deus nos dá através da sua graça. Logo que o exterior se macula a compreensão espiritual obscurece-se também. Se quisermos preservar o contacto íntimo e pessoal com o Senhor Jesus Cristo, isso significa que existem algumas coisas que teremos de deixar de fazer e pensar, coisas lícitas nas quais não deveremos tocar por amor a Ele.
Um meio prático de manter imaculada nossa pureza pessoal em relação a outras pessoas será vermo-las tal qual Deus as vê e será dizermos a nós mesmos: aquele homem, aquela mulher, são perfeitos em Cristo Jesus. Aquele amigo, aquele parente, são perfeitos em Cristo Jesus! 

25 de Março

A Missão Mais Delicada da Terra
"O amigo do noivo", João 3,29

A retidão e a pureza jamais deveriam chamar atenção sobre si mesmas; deveriam ser simplesmente imãs atraindo pessoas para Jesus Cristo. Se a minha santidade não estiver atraindo outros para ele, não é a santidade autenticada, mas, uma influência que despertará afetos desordenados e desmotivados e desviará alguns para outros caminhos que não os de Deus. Se um homem santo não tiver como apresentar Jesus Cristo simplesmente aos outros, mas, apenas mostrar o que Cristo fez por ele, poderá ser uma pedra de tropeço. Ele transmitirá a seguinte impressão: "Que belo caráter tem este homem!" Isso não é ser um verdadeiro amigo do noivo; pois assim sou eu que estou crescendo o tempo todo e não ele.
Se quisermos manter essa amizade e lealdade para com o noivo intacta, temos de ser, acima de tudo, cuidadosos com nosso relacionamento moral e vitalício com ele, mais até do que com a própria obediência. Às vezes não há nada a obedecer; apenas manter uma comunhão vital com Jesus Cristo, cuidar para que nada interfira com ela. Só ocasionalmente Deus nos dará uma ordem para obedecermos de forma distinta a essa. Quando surge uma crise, então, temos que discernir qual a vontade de Deus entre as nuvens; mas, na grande maioria das vezes, nossa preocupação não é prestar uma obediência consistente, mas manter esse relacionamento incólume e intacto - o de ser amigo do noivo. Muitas vezes, o serviço cristão pode ser um meio de desviarmos nossa atenção de Jesus Cristo. Em vez de sermos amigos do noivo, queremos tomar o lugar de Deus e, embora usando as armas dele, trabalhamos contra ele, pois não juntamos com Ele e nos tornamos amadores da providência.

24/03/2011

24 de Março

Diminuirmo-nos Devido a Ele
"Convém que ele cresça e que eu diminua", João 3,30

Se você tornar-se indispensável para alguém, você encontra-se fora da vontade de Deus. Como obreiro, sua grande responsabilidade é ser amigo do noivo, João 3,29. Quando você vir uma pessoa começando a tomar consciência das reivindicações de Jesus Cristo sobre ele e nós todos, saberá que a influência que exerceu sobre ela estava certa; e, em vez de estender a mão para poupar-lhe das dificuldades, ore para que elas se tornem dez vezes mais fortes, até que não haja mais nenhum poder nem na terra nem no inferno capaz de manter essa pessoa longe de Jesus Cristo. Muitas vezes queremos tomar o lugar de Deus como amadores providenciais, interferimos e impedimos que seja ele a operar; dizemos: "Isto não pode acontecer assim desse jeito". Em vez de nos mostrarmos amigos do noivo, nossa compaixão acaba-se tornando em impedimento e aquela pessoa poderá um dia dizer: "Fulano foi um ladrão; roubou os meus afetos por Jesus e eu perdi a visão que tinha devido a isso".
Cuidado para não se regozijar com alguém pelos motivos errados; procure regozijar-se pelo motivo certo. "O amigo do noivo... muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua", João 3:29,30. Isto é dito com alegria e não com tristeza - finalmente eles vão ver o noivo! E João diz que isso é para grande alegria sua. É o total desaparecimento do obreiro, que nunca mais tornará a ser lembrado.
Fique bastante atento para poder ouvir a voz do noivo em relação à vida de alguém. Não importa que confusões, que transtornos, que declínios de saúde essa voz possa acentuar ou trazer ainda; assim que ouvir a voz dele, regozije-se com divina alegria. Muitas vezes, você poderá ver Jesus Cristo destroçar uma vida antes de salvá-la, Mt 10,34. 

23/03/2011

23 de Março

Sou Carnal?
"Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais?" 1 Co 3,3

O homem natural, ou o incrédulo, não se apercebe de nada da sua carnalidade. A luta da carne contra o Espírito e do Espírito contra a carne, desde o dia da regeneração produzem a tomada de consciência dessa carnalidade. "Andai no Espírito", diz Paulo e "jamais satisfareis a concupiscência da carne"; e a carnalidade desaparecerá.
Você é briguento, perturba-se facilmente com ninharias? "Mas olhe, os filhos de Deus nunca são assim!" Paulo diz que são, mas, quando associa tais atitudes com a carnalidade. Há alguma verdade na Bíblia que imediatamente provoca irritação em si? Isso é prova suficiente de que você ainda é carnal. Se estiver vivendo uma vida santificada, não haverá nenhum vestígio desse espírito de ficção em si.
Se o Espírito de Deus detecta em si algum erro, ele não lhe pede para acertá-lo; pede-lhe que o reconheça para que ele o tenha como corrigir à lupa da sua luz. Quem anda na luz confessa imediatamente e deixa-se expor diante de Deus; quem anda nas trevas diz: "Oh, eu posso explicar tudo". Assim, se a luz penetrar e a convicção do erro sobreviver, seja um dos que andam na luz e confesse antes seu erro, que Deus cuidará do que está errado por Ele; se você se defender, só provará que ainda está usando trevas para andar.
Qual é a prova de que não há mais carnalidade em si? Não se engane a si mesmo; quando deixar de ser carnal, notar-se-á logo - até por si - algo que é muito difícil passar despercebido. Deus proporciona-lhe um sem número de oportunidades para ter como provar e saborear toda a maravilha dessa sua graça. A prova prática é a única que é realmente verdadeira. "Ora", dirá você nela, "se de fato tenho o Espírito de Deus, eu sentir-me-ei ressentido!" Você será sempre a pessoa mais maravilhada da terra mediante tudo quanto Deus tem feito em seu íntimo por si.

22/03/2011

22 de Março

O Coração Ardente
"Porventura não nos ardia o coração?" Lc 24,32

Precisamos aprender o segredo do coração ardente. De repente, Jesus nos aparece, as chamas se avivam e temos visões maravilhosas dentro de nós; depois temos que aprender a manter o segredo sobre o coração ardente, que suportará qualquer coisa. É o dia-a-dia comum, insípido, vazio, monótono, com tarefas e pessoas comuns, que mata o coração ardente, a não ser que tenhamos aprendido o segredo de permanecer silenciosos em Jesus.
Grande parte das aflições em nossa vida cristã provém, não do pecado, mas de nossa ignorância das leis de nossa própria natureza. A única maneira de se determinar se devemos ou não dar vazão a uma emoção, por exemplo, é verificar quais serão os resultados de tal acção. Analise-a até chegar a uma conclusão lógica e se o resultado for algo que Deus condena, elimine-a. Mas, se se tratar de uma emoção despertada pelo Espírito de Deus e você não fazer com que ela se expresse de maneira apropriada, logo se extravasará para um plano inferior. É assim que surgem os sentimentalistas pouco reais. Quanto mais elevado o nível da emoção, mais profunda a degradação, se ela não se puder expressar em toda a sua linha. Se o Espírito de Deus mexer em si como uma criança dentro da mãe, tome todas as precauções para tornar espontânea e irreversível essa expressão, tudo quanto lhe for possível, sejam quais forem as consequências. Não podemos permanecer no monte da transfiguração, mas devemos obedecer à inspiração que ali recebemos; temos que colocá-la em prática. Quando Deus lhe der uma visão, aja de acordo com ela, custe o que custar. Temos de transacionar e lidar com Ele nesse nível apenas.
"Não podemos avivar essa chama quando queremos;
A chama arde num coração fixo e constante em Deus;
O espírito sopra como o vento e depois aquieta;
Nesse mistério nossa alma habita;
Nas tarefas recebidas em momentos de revelação,
Podem ser cumpridas ordens nas horas de escuridão".

21/03/2011

21 de Março

Interesse ou Identificação na Morte de Cristo?
"Estou crucificado com Cristo", Gl 2,19

Na vida espiritual, a necessidade imperativa é a de subscrever de forma natural a sentença de morte para todo o tipo de disposição para o pecado e de transformar todas as impressões intelectuais e crenças num veredicto moral contra todo o tipo de disposição para o pecado, ou seja, sobre qualquer reivindicação de meus direitos sobre mim mesmo. Paulo diz: "Estou crucificado com Cristo"; ele não diz: "Resolvi imitar Jesus Cristo", ou "Vou esforçar-me para segui-lo", mas, sim, "eu me batizei com ele em sua morte", estou morto. Quando chego diante dessa decisão moral e ajo de acordo com ela porque é uma realidade factual em mim, então tudo o que Cristo fez por mim na cruz começa a fazer sentido. A entrega voluntária de mim mesmo a Deus dá ao Espírito Santo a oportunidade de me conceder a santidade de Jesus Cristo e a mesma morte de Jesus Cristo - morte para o pecado, Rm 6,10.
"... Logo, já não sou eu quem vive..." A individualidade permanece, mas a pedra de Esquina, pedra angular e guia, a disposição predominante, é radicalmente alterada em nós. Permanece o mesmo corpo humano, mas, os antigos direitos satânicos sobre minha vida foram destituídos.
"E esse viver que agora vivo na carne..." - não a vida que gostaria de viver e oro para ter, mas, a vida que agora vivo em minha carne mortal, a vida que os outros podem observar será esta: "vivo pela fé do Filho de Deus". Essa fé não é a fé de Paulo em Jesus Cristo, mas, a fé de Jesus Cristo instalada dentro de Paulo. Não é mais fé na fé, mas uma fé que transpôs todos os limites conscientes, fé identificada com a do Filho de Deus em mim. 

20 de Março

Ser Amigo de Deus
"Ocultarei a Abraão o que estou para fazer?" Gn 18,17

O deleite de ser Seu amigo. Gen.18 focaliza as alegrias de uma verdadeira amizade com Deus, comparando-a, em contraste, com meros acasos de Sua presença em nossos momentos devocionais. Estar tão próximo de Deus que você nunca necessite pedir-Lhe para lhe manifestar a Sua vontade, é estar perto do momento final da disciplina duma vida de fé - no final do estágio. Quando tem um relacionamento perfeito com Deus, já vive uma vida de liberdade e de gozo: você é a vontade de Deus e todas as suas decisões normais serão a vontade de Deus por consequência, a menos que ele o corrija de alguma outra forma. Você decide as coisas em perfeita e agradável sintonia com Deus, ciente de que, sempre que tomar uma decisão errada, ele o corrigirá; e quando ele o estiver corrigindo, pare logo para perceber onde.
As Dificuldades desta Amizade. Por que razão Abraão parou de orar no ponto onde parou? Ele ainda não tinha intimidade bastante para prosseguir ousadamente até que Deus atendesse o seu pedido; seu relacionamento com Deus, ainda deixava algo a desejar. Sempre que paramos de orar e dizemos: "Bem, eu não sei; talvez isto não seja a vontade de Deus", é porque ainda está num nível de desgaste e existe um outro mais alto para ser alcançado ainda. Não temos ainda o mesmo relacionamento íntimo com Deus que Jesus tinha, o qual ele deseja que tenhamos logo ali também: "Para que sejam um como nós somos um", João 17,22. Pense na última coisa pela qual orou - estava mais interessado no seu pedido ou em Deus? Estava resolvido a obter algum dom do Espírito ou aproximar-se mais e melhor de Deus? "O vosso Pai sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais", Mt 6,8. A finalidade do pedir é que você possa conhecer melhor a Deus. "Agrada-te do Senhor e ele satisfará aos desejos do teu coração", Sl 37,4. Continue orando para alcançar esse perfeito entendimento que o próprio Deus tem n'Ele sobre as coisas.

19 de Março

A Vida de Fé de Abraão
"Abraão... partiu sem saber aonde ia", Hb 11,8

No Antigo Testamento, o relacionamento pessoal com Deus revelava-se através da separação da pessoa desta vida e isso encontra-se simbolicamente ilustrado na vida de Abraão, o qual saiu de sua terra e deixou para trás seus pais e parentes. Hoje, trata-se mais de uma separação mental e moralista se olharmos para a maneira como aqueles a quem mais amamos encaram a vida, caso estes ainda tenham um relacionamento fixado com Deus. Era a isso que Jesus Cristo se referia em Lc 14,26.
A fé nunca sabe para onde será carregada, mas ama e conhece Aquele que a dirige. É essa a vida de fé, não de intelecto e da razão; uma vida de conhecer Aquele que nos faz "partir". A base da fé é o conhecimento em forma genuína duma Pessoa e um dos maiores enganos é achar que Deus está ali precisamente para nos garantir o sucesso.
A última etapa duma vida de fé será a aquisição dum caráter seu. Há muitas transfigurações passageiras de nosso caráter. Quando oramos, sentimos a bênção de Deus nos envolvendo como que por fogo e por algum tempo somos transformados; mas depois voltamos à vida comum e aquela glória vai-se desvanecendo. A vida de fé não é uma sequência de vôos de altos e baixos, mas, antes duma vida que caminha sem se fatigar, Is 40,31. Não se trata de santificação, mas, de algo que está infinitamente para além da santificação: trata-se duma fé que foi provada e que passou nas provas. Abraão não é um símbolo de santificação e sim um símbolo do viver pela fé, uma fé provada e comprovada, edificada sobre um Deus real. "Abraão creu em Deus", Rm 4,3

18/03/2011

18 de Março

Devo Elevar-me a Este Nível Assim?
"Aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus", 2 Cor 7,1

"Tendo, pois, (...) tais promessas." Eu tenho porque reivindicar as promessas de Deus e manter um olhar atento para aquele cumprimento delas, mas esse é apenas o seu aspecto humano; o lado divino consiste em que, através dessas mesmas promessas, eu possa reconhecer as reivindicações que Deus faz sobre mim. Estou percebendo, por exemplo, que meu corpo é o templo do Espírito Santo, ou ainda permito que meu corpo incorra em hábitos que claramente não suportarão viver sob a intensa luz de Deus? Pela santificação, o Filho de Deus é formado em mim. Portanto terei de transformar toda a minha vida natural em vida espiritual através da obediência a ele. Deus instruiu-nos até nas coisas mínimas. Quando ele começar a mostrar algo errado, nem consulte carne e sangue, purifique-se imediatamente. Mantenha-se purificado em seu viver quotidiano e diário.
Tenho que purificar-me de toda impureza, tanto da carne, como do espírito, até que ambos sejam achados de acordo e conforme à natureza de Deus. A minha maneira de pensar estará em perfeita consonância com a vida do Filho de Deus em mim, ou será que meu intelecto espiritual não está sujeito a ele? Estará a mente de Cristo sendo formada em mim, a qual nunca exigia nada na base de seus direitos sobre si, mas, antes mantinha uma vigilância interior permanente através da qual submetia seu espírito continuamente ao do Pai? É minha a responsabilidade de manter meu espírito em harmonia com o Espírito de Deus e aos poucos Jesus me eleva ao mesmo nível em que ele vivia com o Pai - em perfeita submissão e harmonia à vontade do Pai, sem dar a mínima atenção a qualquer outra vontade. Estarei eu aperfeiçoando esse tipo de santidade nos parâmetros do temor de Deus? Está Deus conseguindo o que ele quer de mim fácil e naturalmente e o meu próximo é afetado com isso, estando a ver Deus em minha vida sempre e cada vez mais?
Seja sério no seu pacto com Deus e, alegremente, deixe tudo o resto de lado. Literalmente, ponha Deus no primeiro lugar de sua vida.

17/03/2011

17 de Março

O Supremo Alvo do Servo e Obreiro
"É por isso que também nos esforçamos... para lhe ser agradáveis", 2Co 5,9

"É por isso que nos esforçamos..." Mantermo-nos sempre apontando para o nosso alvo supremo, exige de nós um esforço decisivo e uma capacidade de resolução santificada. Significa firmarmo-nos, a cada ano que passa, no supremo ideal, não no anseio de conquistar almas, ou de fundar igrejas, ou de promover avivamentos, mas apenas de "Lhe ser agradáveis". Não é a falta de experiência espiritual que nos leva ao fracasso, mas, a falta de esforço para nos mantermos nesse nosso ideal. Pelo menos uma vez por semana, faça um balanço diante de Deus e verifique se você está a manter sua vida dentro daqueles padrões que ele deseja para si. Paulo é como um músico que não se preocupa com o aplauso da platéia, contanto que possa ver, no olhar, aquela aprovação de seu Maestro.
Qualquer outro alvo que nos faça desviar, por pouco que seja, do objetivo central de sermos "aprovados" por Deus, pode levar-nos a sermos prontamente desqualificados. Aprenda a discernir para onde o levam os seus alvos e o que atingem e verá por que é necessário viver voltado para o Senhor Jesus Cristo a tempo inteiro. Paulo diz: "Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que... não venha eu mesmo a ser desqualificado", 1 Co 9,27.
Terei de aprender a ver todas as coisas e a olhá-las sob a atenta Luz daquele objetivo supremo e a manter esse rumo incondicionalmente (sem condições) e sem qualquer interrupção. Meu valor para Deus em público é o mesmo que tenho em particular. Será que meu objetivo supremo é agradar o Senhor e de tornar-me inteiramente aceitável para ele, ou será algo menor, por mais nobre que seja?

16/03/2011

16 de Março

O Mestre Julgará
"Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal do Cristo", 2 Co 5,10

Paulo diz que todos nós, pregadores ou não, compareceremos "perante o tribunal do Cristo". Caso aprenda a viver na luz de Cristo neste presente momento, quando vier o julgamento, logo se deleitará pela obra efetuada em si por Deus. Mantenha-se firmemente de cara voltada para o tribunal de Cristo; viva agora à luz do que conhece de mais sagrado e puro. Uma atitude injusta em relação a outra pessoa terminará sendo dominada pelo espírito de Satanás, por mais santo que você seja. Bastará uma simples decisão carnal e a consequência será um inferno dentro de seu coração. Ponha essa questão na luz imediatamente e ore: "Meu Deus, cometi este erro". Se não o fizer, seu coração crescerá na insensibilidade e dureza. O castigo trazido pelo pecado é estabelecer e enraizar o pecador mais e mais em seu pecado. Não é só Deus quem nos irá punir pelo nosso pecado; o pecado instala-se em nós e cobra de nós todos seu alto salário próprio. Não há esforço nem oração que nos capacite para pararmos de fazer certas coisas; e o castigo que o pecado nos impõe é, aos poucos, levar-nos a nos acostumarmos com tudo que ele é a ponto de não mais querermos reconhecê-lo como pecado. Nenhum poder, a não ser o influxo do Espírito Santo, pode alterar estas consequências inerentes ao pecado.
"Se, porém, andarmos na luz como ele está na luz". Para muitos de nós, andar na luz significa que os outros andem de acordo com nosso padrão. Hoje em dia o farisaísmo mais mortífero não é a hipocrisia, mas, antes uma inconsistente vida de mentira.

15/03/2011

15 de Março

A Disciplina do Espanto
"E o seguiam tomados de espanto", Mc 10,32

No princípio, estávamos seguros de que sabíamos tudo sobre Jesus Cristo. Era uma alegria vender tudo e nos lançarmos numa ousadia em amor; mas, agora já não estamos tão seguros disso assim. Jesus está na frente e nos parece estranho: "Jesus ia adiante dos seus discípulos. Estes se admiravam".
Há uma faceta de Jesus que faz gelar o coração do discípulo e o faz vacilar em toda a sua vida espiritual. Aquele estranho ser com semblante resoluto e passos decisivos enche-me de horror. Ele não é mais o Conselheiro e o Companheiro que conheci inicialmente. Tem o olhar fixo num determinado alvo sobre o qual nada sei, o que me deixa com receio e medo. A princípio, eu estava certo de que o entendia, mas agora já não estou tão seguro quanto a isso. Começo a perceber que existe uma certa distância entre mim e Jesus Cristo; não consigo mais sentir-me à vontade perto dele. Ele segue à minha frente e nunca olhou para trás sequer; não tenho a menor idéia de para onde está indo e o alvo dele parece-me estranho e distante demais.
Jesus Cristo teve que sentir na pele todo pecado e toda tristeza do homem e é isso que o faz parecer tão estranho e resoluto para nós. Quando o vemos sob esse prisma, não o conheceremos, não reconheceremos nenhuma das facetas dessa sua vida e não saberemos nem como começar a segui-lo de novo. Ele está lá na frente, um líder muito estranho para nós e não temos nenhuma comunhão com ele desse jeito.
Esta disciplina do temor é essencial para o discipulado sadio. O perigo é acendermos um pequeno fogo só nosso e aquecermo-nos no entusiasmo dele. Quando nos sobrevierem as trevas e ao nos abismarmos com ele, suportemo-las até que passem, porque depois de seguir a Jesus será nosso gozo inefável.

14/03/2011

14 de Março

Entrega
"... Desse mesmo a quem obedeceis sois servos..." Rm 6,16

A primeira coisa a fazer quando me identifico com aquele poder que me domina é assumir a desagradável verdade de que sou eu o responsável por ser por ele dominado. Se sou escravo de mim mesmo, a culpa é minha, porque em determinado momento do passado rendi-me a mim próprio. Do mesmo modo, se obedeço a Deus, faço-o por haver-me rendido a ele.
Renda-se ao egoísmo ainda na infância e verificará que é a tirania mais escravizante de toda a terra. Não há poder na alma humana capaz de romper, por si mesmo, o cativeiro de uma disposição dessas, formada pela rendição ao egoísmo e seus ideais. Renda-se por um instante a qualquer espécie de concupiscência (lembre-se de que a concupiscência é: "Eu quero isso agora"), quer se trate da concupiscência da carne ou da mente - e uma vez consumada a sua rendição, ainda que você se odeie a si mesmo por se ter rendido, ter-se-á tornado escravo dela. Não há nenhuma forma de libertação através do poder humano, somente pela redenção. Você tem que render-se em total humilhação ao único que pode romper esse poder dominador, ou seja, ao Senhor Jesus Cristo: "O Senhor me ungiu... para proclamar libertação aos cativos", Is 61,1.
Descobrimos essas coisas da maneira mais ridícula e insignificante: "Oh, eu posso abandonar esse vício quando quiser". Não pode; o hábito domina totalmente porque se rendeu voluntariamente a ele. É fácil cantar "Cristo rompe as cadeias" e ao mesmo tempo estar vivendo na escravidão e cativeiro dum tirano como você é para si mesmo. A rendição a Jesus fará com que sejam rompidas todas essas ataduras e formas de escravidão em qualquer vida.

13/03/2011

13 de Março

A Entrega Total de Deus a Nós
"Deus amou ao mundo de tal maneira que deu..." João 3.16

A salvação não é apenas libertação do pecado, nem a experiência da santificação; a salvação de Deus é a total libertação do tudo que sou para entrar numa união total com Cristo. A experiência da salvação tem a ver com a libertação do pecado e com a nossa santificação; mas, a salvação significa que o Espírito de Deus nos colocou em contacto com a personalidade que é Deus e o que me leva a vibrar com algo infinitamente maior de tudo quanto possa imaginar, envolvido na entrega que Deus faz de si mesmo a mim.
Dizer que somos chamados a pregar santidade ou santificação é ficar girando aos círculos. Somos chamados a proclamar Jesus Cristo. O fato de ele nos salvar de todo o pecado também e de nos tornar santos é parte do efeito duma maravilhosa entrega pessoal a Deus.
A entrega nunca produz a consciência do seu próprio esforço, porque ficamos cativados por Aquele ser a quem nos entregamos para que nos envolva. Evite falar sobre entrega pessoal se nada sabe a esse respeito de maneira prática; e, também, nunca saberá o que ela é enquanto não perceber que João 3.16 significa, isto é que Deus se deu de modo absoluto, total e incondicional. Em nossa entrega damo-nos de volta a Deus, exatamente como Deus se deu por nós, sem reservas. Nem levamos em linha de conta as consequências dessa entrega porque estamos totalmente consumidos por ele.

12/03/2011

12 de Março

Entrega Absoluta
"Então Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos...", Mc 10,28

O Senhor responde que a dedicação tem que ser feita por causa dele e não apenas pelo que se pode ganhar com ela. Cuidado com a entrega pessoal que é feita visando o ganho e o lucro: "Vou-me entregar a Deus porque quero ser liberto do pecado, porque desejo tornar-me santo". Tudo isso é resultado de se estar bem com Deus, mas esse espírito é alheio ao cristianismo. A entrega pessoal não é, em absoluto, para se obter algo. A tal ponto nos comercializamos que só vamos a Deus para que ele nos dê alguma coisa de volta e não por causa dele próprio. É como se disséssemos: "Não, Senhor, não é a ti que eu quero, mas a mim mesmo; mas quero-me a mim mesmo limpo e cheio do Espírito Santo; quero ser colocado na tua sala de exposições, para poder dizer: "Eis o que Deus tem feito por mim". Se entregamos uma coisa a Deus apenas para que ele nos dê algo de volta, não há nada do Espírito Santo em nossa entrega; isso é um mísero interesse egoísta e comercial. Ganhar o céu, ser livre do pecado, tornar-se útil a Deus - tais interesses nunca serão tidos em consideração quando se faz uma verdadeira entrega a Deus, que consiste numa suprema preferência pela própria pessoa de Jesus Cristo acima de qualquer coisa.
Quando nos deparamos com aquelas barreiras de relacionamentos meramente humanos, onde está Jesus Cristo? A maioria de nós coloca-o de lado: "Sim, Senhor, eu ouvi o teu chamado, mas minha mãe está barrando meu caminho, minha mulher, meus interesses pessoais; não posso prosseguir." "Então", diz Jesus, "não podes ser meu discípulo"
Uma entrega total não leva em conta afetos ou devoções naturais. Vamos passar por cima delas e o amor de Deus envolverá todos aqueles a quem ferimos ao abandoná-los por amor a Deus. Tenhamos cuidado para não ficarmos aquém de uma entrega total a Deus. Para a maioria de nós a dedicação total fica-se sempre por um ideal, pois nunca chegamos a experimentar o que tal coisa pode ser, ainda.

11/03/2011

11 de Março

Visão
"... Não fui desobediente à visão celestial", At 26,19

Se perdermos a visão, somos os únicos responsáveis por isso e a perdemos através dum esvaziamento espiritual. Se não aplicarmos nossa crença em Deus em questões práticas, a visão que Deus nos deu desvanecerá e se perderá quase sempre. O único jeito de permanecermos obedientes à visão celestial é darmos o extremo de nós mesmos a Ele - o melhor para maior glória a Deus. Isso só pode ser conseguido através duma contínua e resoluta recordação do que a visão que Deus nos deu. Somos testados nos sessenta segundos de cada minuto e nos sessenta minutos de cada hora e não apenas nos períodos de oração e de reuniões devocionais.
"Se tardar, espera-o", Há 2,3. Uma visão não é algo que se atinge; temos que viver sob a sua inspiração até que ela se cumpra. Tornamo-nos tão práticos que esquecemos a própria visão. No começo, vimo-la, mas não esperávamos por ela; apressamo-nos em partir para o trabalho prático; e quando a visão se cumpre, nem percebemos. Esperar pela visão que tarda é a prova de nossa lealdade a Deus. Corremos o risco de perder o bem-estar de nossa alma se nos deixarmos envolver em trabalhos práticos para perdermos de vista a visão.
Observe os ciclones de Deus. O único meio que Deus tem para semear os seus filhos é através dos seus redemoinhos. Você vai-se revelar ser uma vagem sem grãos dentro? Isso vai depender de estar ou não vivendo à luz daquilo que viu. Deixe que Deus o lance para o trabalho e não parta enquanto ele não o fizer. Se você escolher seu próprio lugar, acabará sendo uma vagem vazia. Se Deus o semear, você dará frutos.
É fundamental andar sob a luz da visão de Deus para nós, 1 João1,7.

10/03/2011

10 de Março

Sermos a Mensagem
"Prega a palavra", 2 Tm 4,2

Não somos salvos para sermos "apenas canais", mas para sermos filhos de Deus, conformes àquela imagem com a qual Ele nos criou. Ele não nos transforma em instrumentos espirituais mas em mensageiros de fogo; a mensagem tem de fazer parte de nós. O Filho de Deus era a sua própria mensagem, suas palavras eram espírito e vida; e, sendo nós seus discípulos, nossa vida tem de representar e fazer transparecer toda aquela essência da nossa mensagem. O coração natural está sempre disposto a qualquer serviço; antes, porém, que a vida se transforme em essência, em mensagem, é preciso que o coração seja quebrantado pela convicção do pecado, batizado com o Espírito Santo e moldado em conformidade com o propósito de Deus.
Existe diferença entre dar um testemunho e pregar a Palavra. Um pregador é uma pessoa que percebeu o chamado de Deus e está determinado a usar toda a sua força para proclamar a verdade de Deus. Deus nos destitui de nossos próprios objetivos e somos forjados e moldados para o uso exclusivo dele, conforme aconteceu com os discípulos depois de Pentecostes. Pentecostes não ensinou nada aos discípulos; apenas fez deles a encarnação daquilo que aprenderam e pregavam após isso: "Sereis minhas testemunhas".
Deixe que Deus opere livremente sempre que prega. Para que a mensagem de Deus possa ter como libertar outras vidas, é preciso que essa libertação seja primeiro real em si. Pegue sua sabedoria e anotações e "ponha-lhes fogo" quando falar.

09/03/2011

9 de Março

Seguir Com Cristo ou Voltar Atrás?
"Quereis vós outros também retirar-vos?" João 6,67

Uma pergunta incisiva, cortante. Quanto mais simples são as palavras que o Senhor profere, tanto mais penetrantes serão. Mesmo a despeito de sabermos quem Jesus é, ainda assim ele nos diz: "Quereis também retirar-vos?" Temos que manter a consciência a tempo inteiro de que corremos sérios riscos em relação a ele.
"À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele". Eles desistiram de andar com Jesus, não que voltassem ao pecado, mas voltaram atrás. Muitos, hoje, estão-se gastando e sendo gastos no trabalho de Jesus Cristo, mas não caminham com ele quando trabalham. A única coisa que Deus requer constantemente de nós é que sejamos um com Jesus Cristo. Depois da santificação, é nesse aspecto que disciplinamos nossa vida espiritual. Se Deus lhe deu uma visão clara e enfática do que ele quer, não tente manter-se nisso através de certos métodos panorâmicos, antes viva uma vida simples e de absoluta dependência de Jesus Cristo. Nunca tente viver a vida com Deus de nenhuma outra maneira que não seja à maneira e ao jeito de Deus; isso é tudo o que é entrega absoluta e devoção a ele. Ter a certeza de que não sei nada - eis o grandioso segredo para se caminhar com Jesus.
Pedro só via em Jesus alguém para lhe ministrar a salvação tanto a ele como ao mundo. O Senhor quer-nos como seus companheiros de jugo e não como instrutores.
Em João 6,70 Jesus elucida Pedro de como ele foi escolhido para seguir com Jesus. Não podemos falar em nome de outros e devemos honestamente responder a esta pergunta a nós mesmos: "Queres também retirar-te?"

8 de Março

Vida de Entrega Absoluta
"Estou crucificado com Cristo", Gl 2,19

Ninguém está realmente unido a Cristo enquanto não se dispuser para renunciar, não apenas ao pecado, mas a sua maneira de encarar as coisas. Nascer do alto, do Espírito de Deus, significa que devemos abrir mão do que seguramos antes de poder pegar o que ele nos oferece; por princípio, isso significará renunciar às nossas virtudes pretensiosas.
O que o Senhor quer que lhe apresentemos não é bondade, nem honestidade, nem esforço, mas nosso pecado, todo ele e sem caras de repulsa contra Ele, isto é, tudo que ele pode retirar de nós ainda. E o que nos dá ele em troca de nosso pecado? A verdadeira justiça interior. Mas, temos que renunciar à nossa pretensão de que ainda somos alguma coisa, de que somos merecedores da consideração de Deus.
Então, o Espírito de Deus nos mostrará o que ainda nos resta para renunciar. Teremos que renunciar à nossa pretensão de ter direitos sobre nós próprios ainda, em todas as áreas de nós conhecidas. Estarei disposto a renunciar o controle de tudo quanto possuo, o controle de meus afetos e de tudo mais, para identificar-me assim com a morte de Jesus Cristo?
Antes de renunciarmos, é inevitável que passemos através dum penoso e profundo desapontamento pessoal. Quando uma pessoa realmente se vê como o Senhor nos vê, não são os abomináveis pecados da carne que se sentem chocados, mas a terrível condição do orgulho do próprio coração elevado e entenebrecido contra Jesus Cristo. Quando a pessoa se revê mediante a luz do Senhor, a vergonha e o horror e o desesperado reconhecimento de culpa logo tratam de invadir sua alma.
Se está lutando com o problema de ter de renunciar algo ainda, trate também de enfrentar essa crise, renunciando a tudo e Deus o tornará apto para tudo o que ele ainda pode necessitar de si.

07/03/2011

7 de Março

A Origem Da Alegria Interminável
"Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores,
 por meio aquele que nos amou", Rm 8,37

Paulo refere-se aqui àquelas coisas que poderiam parecer capazes de separar ou constituir obstáculo entre o cristão e o amor de Deus; mas, o mais notável é que nada pode servir de obstáculo entre o amor de Deus e o cristão. Tais coisas podem-se interpor entre os exercícios devocionais da alma e Deus e naquele momento separam o indivíduo de Deus; mas, nenhuma delas é capaz de colocar-se entre o amor de Deus e a alma do cristão. A pedra fundamental de toda a nossa fé cristã é a imerecida, insondável maravilha do amor de Deus demonstrado na cruz do Calvário, um amor que jamais merecemos ou mereceremos. Paulo diz ser essa a razão pela qual somos mais do que vencedores em todas essas coisas, super-vencedores, com uma alegria por dentro das coisas, experimentando-as e vivendo-as de perto, quando transparece que essas coisas nos irão esmagar.
Uma onda alta do mar que desanima um nadador comum produz no surfista a imensa alegria de poder usá-la sem perigo. Apliquemos isso às nossas próprias circunstâncias: serão exatamente esses reveses - tribulações, angústias, perseguição - que podem vir a produzir em nós a alegria que só Cristo dá; não devemos lutar contra elas. Por Cristo somos mais do que vencedores em todas essas coisas, não a despeito delas, mas quando nelas. O servo de Deus nunca experimenta a alegria do Senhor a despeito da tribulação, mas por causa dela - Paulo dizia, "sinto-me... transbordante de júbilo em toda nossa tribulação", 2 Co7,4.
Essa alegria radiante e interminável não se fixa (enraíza) em coisas passageiras, mas no amor de Deus o qual por nada poderá ser alterado. As experiências de vida, sejam elas terríveis ou monótonas, são impotentes para beliscar o amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor

06/03/2011

6 de Março

Entre Uma Multidão de Trivialidades
"... Na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias", 2 Co 6,4

Sempre que ou não há visão de Deus, ou não nos achamos entusiasmados e não há ninguém para nos animar e encorajar, é necessária uma graça infinita para se dar o passo seguinte, seja na devoção, no estudo, na leitura, na cozinha do dia-a-dia. É preciso muito mais da graça de Deus, de uma maior dependência de Deus, para se dar esse passo do que será necessário para se pregar o evangelho.
Todo cristão tem de participar experimentalmente naquilo que é a essência da encarnação e deixá-la expressar-se no dia-a-dia de carne e sangue normal. Desanimamos quando não há visão, nem estímulo, mas, apenas aquela rotina comum, as tarefas triviais. O que vai contar no balanço final diante de Deus e homens é o trabalho invisível firme e perseverante e a única maneira de não nos deixarmos desmotivar e desencorajar é viver com o olhar fixo em Deus. Peça a Deus para manter os olhos do seu espírito abertos para ver o Cristo ressurreto sempre e continuamente e nenhum trabalho servil poderá abatê-lo algum dia. Evite sempre a trivialidade e o mercantilismo da mente e do espírito, inspirando-se no exemplo de Cristo em João 13,1-17. 

05/03/2011

5 de Março

Ele é Realmente Senhor?
"... Contanto que complete (com alegria) a minha carreira 
e o ministério que recebi do Senhor Jesus", Atos 20,24

A alegria está sempre presente no perfeito cumprimento do propósito para o qual fui criado e regenerado e não no êxito do meu desempenho dum trabalho de minha autoria. A alegria do Senhor Jesus consistia em fazer a obra que o Pai o enviara a fazer e ele diz: "Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós". Porventura recebi uma qualquer incumbência do Senhor? Se assim é, tenho que ser leal a ela, tenho que considerar minha vida preciosa apenas para o desempenho dessa mesma missão. Pense na satisfação que terá ao ouvir Jesus dizer: "Muito bem, servo bom e fiel", ao saber que fez o que ele lhe enviou a fazer. Todos nós temos que achar nosso lugar na vida e o acharemos espiritualmente quando recebermos nosso ministério da própria mão do Senhor. Para que isso aconteça é necessário havermos convivido com Jesus pessoalmente; precisamos conhecê-lo mais do que como Salvador pessoal. "Pois lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome".
"Tu me amas?" Então "apascenta as minhas ovelhas". Não há aqui a idéia de se poder escolher o serviço, apenas de se ter lealdade absoluta para com a missão que o Senhor nos entregou a fazer corretamente; lealdade para com o que descobrimos, quando nos encontramos em comunhão íntima com Deus. Se o Senhor Jesus lhe forneceu um ministério próprio, saiba que a necessidade dentro si não é o chamado: a necessidade é apenas a oportunidade. Nosso chamado é que sejamos fiéis ao ministério que recebemos quando estivermos em verdadeiro contacto com ele. Isso não quer dizer que haja um roteiro de trabalho traçado para nós; mas, significa antes que teremos que ignorar todos aqueles outros pedidos para trabalharmos noutras áreas. 

04/03/2011

4 de Março

Será que Isso é Verdadeiro em Mim Também?
"Porém, em nada considero a vida preciosa para mim mesmo", At 20,24

É mais fácil servir a Deus sem uma visão e sem um chamado específico porque assim nunca nos preocupamos com o que Deus pede de nós; o bom-senso, revestido por uma camada de sentimentalismo cristão, será então o nosso guia. Seremos mais prósperos, mais bem-sucedidos e sentir-nos-emos mais tranquilos, se nunca nos apercebermos de qual é, especificamente para nós, o chamado de Deus. Mas, ao recebermos uma ordem de Jesus Cristo, a lembrança daquilo que Deus quer será sempre um fator de perturbação contínua em forma de aguilhão dentro de nós; nunca mais teremos porque trabalhar baseados apenas no bom-senso.
O que é que eu considero realmente precioso? Se ainda não fui totalmente conquistado por Jesus Cristo, então considerarei precioso meu serviço, considerarei precioso todo meu tempo dedicado a Deus, considerarei preciosa a minha própria vida. Paulo diz que considerava sua vida preciosa apenas para cumprir o ministério que recebera de Cristo; recusava-se a usar sua energia em qualquer outra coisa. Em Atos 20.24 vemos mesmo uma indiferença e uma sublime irritação de Paulo, quando lhe pedem que se considere a si mesmo um pouco; ele era totalmente indiferente a qualquer consideração que não fosse a do cumprimento daquele ministério que lhe havia sido incumbido. O serviço cristão pode ser tornado num concorrente à nossa total dedicação a Deus, porque baseia-se neste argumento: "Lembre-se de como será útil aqui"; ou "Pense no quanto será valioso nesta obra". Essa atitude, ao invés de considerar Jesus Cristo o Guia, aquele que nos deve indicar para onde devemos ir, obedece a um critério sobre onde seremos mais úteis. Nunca o tome em consideração, mesmo se você é útil ou não; procure, isso sim, estar sempre consciente de que já não se pertence a si mesmo, mas antes a ele em definitivo. 

03/03/2011

3 de Março

Sua Comissão
"Apascenta as minhas ovelhas", João 21,17

Isto é o que é o amor em desenvolvimento. O amor de Deus não foi formado, é a Sua própria natureza divina. Quando recebemos o Espírito Santo, ele nos une a Deus de tal forma que o seu amor é plenamente visível também em nós. Mas, a união da alma a Deus através da habitação do Espírito Santo não é o Seu objetivo final; o Seu objetivo é que possamos ser um com o Pai como Jesus o foi. Que espécie de união tinha Jesus Cristo com o Pai? Uma união tal que o Pai o enviou à terra para que se desse por nós; e ele diz: "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio a vós".
Pedro descobre, então, com a revelação deste interrogatório acutilante de seu Senhor, que ele de fato ama a Cristo; só depois vem o algo mais importante: "Comprova esse amor que tens por mim do meu jeito. Não testifiques de quanto me amas através de palavras, não fales da maravilhosa revelação que obtiveste, mas apascenta as minhas ovelhas por Mim". E Jesus tem certas ovelhas bastante estranhas; algumas são desleixadas, sujas; outras são desajeitadas, briguentas e outras desviaram-se! É impossível extenuar todo o amor de Deus; e é impossível esse amor extinguir-se em mim, se ele brotar daquela fonte única e inesgotável. O amor de Deus não faz acepções que o amor natural sempre faz. Se amo o Senhor, não tenho nada que ser guiado pelo meu temperamento (ou de outros); tenho é que apascentar suas ovelhas. Não há tréguas nem descanso nesta nossa missão. Cuidado para não falsificar esse amor de Deus, sendo influenciado pela simpatia ou compaixão humana, porque isso acabará se tornando algo repugnante contra a verdadeira essência do amor de Deus.

02/03/2011

2 de Março

Você Já se Sentiu Ferido Pelo Senhor?
"Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Tu me amas?" João 21,17

O Senhor já lhe colocou seu dedo na ferida, precisamente onde você é mais sensível, no centro de toda a sua essência? O diabo nunca consegue tocar-nos ali, nem o pecado, nem os afetos humanos; nada conseguirá atingir esse nosso ponto a não ser a Palavra de Deus. "Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez...". Pedro estava começando a perceber que, bem lá no fundo, era dedicado a Jesus e começou, então, a compreender o que significava aquele interrogatório paciente. Na mente de Pedro não restava a mais leve sombra de ilusão; nunca mais tornaria a iludir-se sobre si mesmo. Não havia mais lugar nele para exclamações veementes, nem para júbilo ou emoções mentirosas. Foi uma revelação com o intuito de levá-lo a perceber o quanto ele amava ao Senhor e com espanto disse: "Senhor, tu sabes todas as coisas". Pedro começava a tomar consciência de que amava muito a Jesus; mas não disse: "Olha para aqui ou ali para teres a certeza". Ele estava começando a desvendar a dimensão do amor que tinha pelo Senhor; sentia que nem no alto dos céus nem sobre a terra, não havia ninguém além de Jesus Cristo para seu coração; mas só se apercebeu disso quando o Senhor o sondou com aquelas perguntas atuantes. As perguntas do Senhor sempre nos revelam quem e como somos.
Que paciente franqueza, que habilidade a de Jesus Cristo com Pedro! O Senhor só faz perguntas dessas na hora certa. Provavelmente Ele, pelo menos uma vez, nos colocará num canto e seu dedo na ferida com suas perguntas acutilantes e penetrantes assim e então perceberemos que o amamos muito mais profundamente do que sabemos expressar através de palavras. 

01/03/2011

1 de Março

A Pergunta Que nos Corta
"Tu me amas?" João 21,17

A resposta de Pedro nesta pergunta acutilante nada tem de comum com aquela ousadia declarada de uns dias atrás quando disse: "Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo algum te negarei", Mt 26,33-35. A nossa individualidade natural, nosso ânimo natural corajosamente professa e declara seu sentir; o amor verdadeiro, porém, só se manifestará quando é tocado pela tristeza causada por uma pergunta penetrante colocada de um jeito muito pessoal por Jesus Cristo. Pedro amava Jesus como qualquer homem natural apreciaria um homem bom. Isso é amor temperamental; ele pode penetrar fundo na individualidade de cada um, mas não toca na raiz do ser da pessoa. O verdadeiro amor simplesmente não se professa dessa forma. Jesus disse: "Todo aquele que me confessar diante dos homens", isto é, amor expresso não apenas por palavras mas por tudo quanto faz.
A menos que tenhamos sido magoados ao ponto de não termos mais ilusões em relação a nós próprios, a Palavra de Deus não será atuante em nós. A Palavra de Deus fere mais fundo que qualquer pecado, porque o pecado embola o sentimento. A pergunta do Senhor intensifica o sentimento de tal maneira que ser magoado por Jesus é sentir a mais intensa dor que se possa imaginar. Ela magoa não apenas de maneira natural, mas de um modo pessoal e muito profundo. A Palavra do Senhor penetra até dividir alma e espírito; não deixa nenhuma ilusão pairando ainda. Não há possibilidade de se ter uma atitude sentimental diante da pergunta do Senhor; não conseguimos dizer coisas bonitas quando o Senhor nos fala assim sem desviar seu olhar - a dor é intensamente terrível. É tão grande que quaisquer outros interesses perdem toda a sua relevância. Não existirá dúvida quando a Palavra do Senhor é direcionada a um filho dele pela intensa dor que causa; mas, no momento dessa dor, é também quando nos é revelada a verdade d'Ele.