Devocional Diário TUDO PARA ELE, de Oswald Chambers Publicação: Editora Betânia.

IMPORTANTE: AS DEVOCIONAIS DIÁRIAS ESTÃO ARQUIVADAS E VOCÊ PODE PESQUISAR O DIA DO ANO QUE QUISER E LER A QUALQUER MOMENTO.


Passo a publicar também, algumas meditações de Brennan Manning, do devocional "Meditações para Maltrapilhos". (dez/2011)

"Estas leituras diárias foram coletadas de várias fontes, mas principalmente de conferências proferidas por Oswald Chambers no Bible Training College, Clapham, durante os anos de 1911 a 1915; depois, de outubro de 1915 a novembro de 1917, das palestras feitas nos cultos noturnos dos acampa-mentos do Y.M.C.A (Associação Cristã de Moços), em Zeitun, no Egito.

Em Novembrode 1917, meu marido foi chamado à presença de Deus. Desde então muitas dessas palestras foram reunidas em volumes e publicadas. Parte destes textos é constituída de mensagens pronunciadas durante a hora devocional no colégio - hora que, para muitos alunos, foi um marco em sua vida espiritual. "

"Os homens estão sempre se voltando aos poucos que dominam o segredo espiritual, cuja vida está escondida com Cristo em Deus. São os da religião dos velhos tempos, pendentes dos cravos da cruz." (Robert Murray McCheyne.).

Por sentir que o autor desta obra é um desses, cujos ensinamentos os homens voltam sempre a consultar, é que este livro foi preparado e lançado com uma oração para que, dia a dia, suas mensagens continuem a produzir a vida e a inspiração vivificantes do Espírito Santo".
B.C. 1927

31/10/2010

As 95 Teses de Martinho Lutero

Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele verbalmente, façam-no por escrito.
Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém.

1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4. Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.
20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal?
30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.
34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.
37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina.
39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.
40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar.
49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.
56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.
61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.
65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda.
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.
71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.
75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa.
78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII.
79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.
82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação?
88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.
91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz!
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!
94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno.
95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.

[1517 A.D.]

31 de Outubro

A Prova da Fé
"Fé como um grão de mostarda... e nada vos será impossível" Mt 17,20.

Nós achamos que Deus nos dá recompensas devido à nossa fé; até pode ser que seja assim enquanto somos novos na fé; mas a função da fé não será conceder-nos recompensas por termos crido, mas acima de tudo levar-nos a um relacionamento correto com Deus, dando-lhe espaço para operar dentro de nós livremente. Se você é filho de Deus, Deus tem que retirar de si, com alguma frequência, a sustentação causada por experiências anteriores para que possa apenas manter-se num contacto direto e exclusivo com ele. Deus quer que entendamos que a vida de fé evangélica é uma vida e não uma forma de sentimentalismo emotivo e de gozo gratificante a nível de emoções por causa daquelas bênçãos que recebemos dele. No início, nossa fé era pequena e intensa, estabelecida e sedimentada à volta dum pequeno ponto luminoso naquela experiência que menosprezava tanto o bom senso quanto a fé realista e real e era cheia de luz e de beleza; então Deus retirou de nós suas bênçãos conscien­tes com o intuito de nos ensinar a caminhar só “pela fé”, 2Co 5,7. Temos agora mais valor para ele do que nos tempos remotos daquelas alegrias conscientes de testemunhos elucidativos e plenos de emoção.
A própria natureza da fé que é real exige que ela seja provada para deixar de ser fingida e emocional; não porque achemos difícil confiar em Deus, mas porque é necessário que tiremos da nossa mente todas as dúvidas em relação à fiabilidade e certeza de todo o caráter de Deus. É essencial para o pleno desenvolvimento da fé que ela passe por períodos de isolamento em silêncio absoluto. Nunca confundamos as provas impostas à nossa fé com a disciplina comum da vida real; grande parte do que dizemos constituírem provas de nossa fé, não passa dum resultado consequente e inevitável de estarmos vivos aqui nesta terra. Crer na Bíblia é crer em Deus, apesar de tudo o que contradiz: é manter confiança no caráter absoluto e insolúvel de Deus, faça ele o que fizer. Um dos versículos mais conhecidos que temos é: "Ainda que ele me mate, nele ainda confiarei", Jó 13,15. Essa é uma das mais sublimes declarações de fé que a Bíblia contém.

30/10/2010

30 de Outubro

"De fato, sem fé é impossível agradar a Deus", Hb 11,6.

A fé, sempre que em direta oposição ao bom senso, é entusiasmo em erro e obliquidade e falta de inteligência pessoal; e o bom senso, quando oposto à fé, é racionalismo e um passo no escuro por depender da razão para se poderem comprovar verdades. A vida de fé coloca as duas coisas numa relação amigável e direta. O bom senso não é fé e fé não será bom senso, pois uma coisa é natural, a outra será espiritual; um é impulsivo, quando o outro nasce duma fonte vinda de Deus, sendo inspiração do Seu próprio Espírito. Nada do que Jesus Cristo disse é bom senso: é revelação e manifestação para nós; e vai até onde o bom senso nunca chegará. A fé tem que ser provada, para que sua realidade possa ser concretizada pela verdade também. "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem", Rm 8,28, então, logo não importa o que pode vir a acontecer ainda, a operação da providência de Deus encarregar-se-á sempre de transformar a fé ideal em realidade concretizada. A fé é sempre algo pessoal, já que todo o propósito de Deus é fazer com que a fé ideal se torne real em seus filhos sem exceção.
Para cada pormenor de toda a nossa vida de bom senso, há uma revelação acerca de Deus que se deve imprimir nesse mesmo bom-senso e através do qual podemos comprovar e provar como experiência prática tudo aquilo em que acreditamos que Deus seja em abono de verdade. A fé é um princípio tremendamente ativo por excelência, que sempre colocará Jesus Cristo como primeiro em tudo: "Senhor, tu disseste isto e aquilo, como por exemplo Mt 6,33; parece loucura, mas vou arriscar-me baseado em tua palavra apenas". Transformar a fé racional em realidade pessoal é uma luta, a qual se dá de forma constan­te e poucas vezes como algo apenas ocasional. Deus nos colocará em situações com uma especificidade para nos educar em nossa fé real, porque a natureza da fé é tornar real o objeto sobre o qual se confia em Deus. Enquanto não conhecermos Jesus como Ele é, Deus será para nós, algo abstrato a nível de bom-senso e em quem nunca conseguiremos ter fé; mas, assim que ouvimos Jesus dizer: "Quem me vê a mim, vê ao Pai", teremos algo que é real e a fé não terá limites a partir de então. Fé é o homem integral e total, corretamente relacionado com Deus pelo poder do Espírito de Jesus Cristo em nós.

29/10/2010

29 de Outubro

Substituição
"Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós;
 para que nele fôssemos feitos justiça de Deus", 2 Co 5,21.

A idéia atual sobre a morte de Jesus Cristo é que ele morreu por todos os nos­sos pecados por pena de nós. O que o Novo Testamento nos manifesta é que ele carregou os nossos pecados, não por compaixão, mas por identi­ficação pessoal. Ele foi “feito pecado” por nós. Nossos pecados são removidos por causa da morte de Jesus e a base da sua morte é a sua obediência ao Pai, não a compaixão que teve por nós. Tornamo-nos aceitáveis a Deus, não porque obedecemos, ou porque prometemos renunciar a certas coisas, mas por causa da morte de Cristo que nos torna obedientes e nada mais. Dizemos que Jesus Cristo veio para revelar a paternidade ou a benignidade de Deus para conosco; o Novo Testamento diz que ele veio para tirar o pecado do mundo e de nós, João 1:29. Esta revelação do Pai é feita àqueles a quem ele for apresen­tado como Salvador disso mesmo. Jesus Cristo nunca falou de si mesmo como alguém que revelava o Pai; mas como pedra de tropeço, João 15.22-24. A mensagem de João 14.9 onde o Pai é apresentado como Pai, foi dirigida a quem já era discípulo.
O Novo Testamento também nunca afirma que, através do fato de peso de Cristo ter morrido por mim, eu me ache totalmente livre da penalidade sobre qualquer pecado. O que ele ensina é que "Ele morreu por todos", 2Co 5,15 (não que ele morreu a minha morte) e que mediante a identificação com o tipo de morte que ele morreu – morrendo para o pecado – posso ser liberto do pecado e receber a sua própria justiça dentro de mim. A substituição ensinada no Novo Testamento é dupla: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus". O ensino verdadeiro nunca será “Cristo para mim”, a menos que eu me decida a permitir que Cristo seja formado em mim também, Gl 4,19.

28/10/2010

28 de Outubro

Justificação Pela Fé
"Porque se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida", Rm 5,10.

Eu não sou salvo porque creio; entendo, através do ato de crer, que sou salvo. Não é o arrependimento que me salva; o arrependimento é o sinal de que reconheço o que Deus realizou através de Cristo Jesus. O perigo subsiste sempre que se coloca a ênfase no efeito e o retiramos da causa. É a minha obediência que me justifica diante de Deus, ou a minha consagração? Nem uma coisa nem outra! Estou justificado perante Deus porque, antes de mais nada, Cristo morreu – sou tornado justo através de Cristo em mim. Quando me volto para Deus e, pela fé, aceito o que Deus revela que posso aceitar dele, passo imediatamente a estar corretamente relacionado com Deus pela maravilhosa expiação que Jesus Cristo fez e faz; e, através do milagre sobre­natural da graça de Deus, sou justificado, não porque me entristeço pelo meu pecado, não porque me arrependi, mas por causa do que Jesus fez em mim. O Espírito de Deus revela-me isso com uma clareza total, penetrante e passo a saber que estou salvo, embora não saiba como sei.
A salvação de Deus não se baseia em qualquer lógica humana; baseia-se na morte sacrificial do Senhor Jesus. Devido à expiação do nosso Senhor poderemos nascer de novo. Os pecadores podem ser transformados em novas criaturas, não pelo seu próprio arrependimento nem por sua fé, mas pela obra maravilhosa de Deus em Cristo Jesus, que antecede todas essas experiências. A inexpugnável segurança da justifica­ção e da santificação é o próprio Deus. Não temos que operar essas coisas em nós mesmos; elas foram operadas através da expiação. O sobrenatural torna-se natural através dum milagre de Deus; então surge a compreensão do que Jesus Cristo já fez e se diz também: "Está consumado".

27/10/2010

27 de Outubro

O Método Para as Missões
"Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações", Mt28,19.

Jesus Cristo não disse: "Ide e salvai almas" (a salvação é obra sobrenatural de Deus), mas: "Ide, fazei discípulos de todas as nações"; e ninguém pode fazer discípulos a menos que ele mesmo seja discípulo individual já. Quando os discípulos voltaram de sua primeira missão, estavam cheios de alegria porque os demônios se submeteram a eles e Jesus lhes disse: "Não se alegrem no êxito obtido ao meu serviço; o grande segredo da alegria consiste em vocês estarem correta e individualmente relacionados comigo apenas", Lc 10,17-20. A necessidade básica de todo o missionário é que ele permaneça fiel ao chamamento de Deus e que possa ainda ter como seu único objetivo fazer discípulos exclusivos para Jesus. Existe um anseio de ganhar almas que não vem de Deus, mas do desejo de conquistar pessoas para todos ou alguns dos nossos pontos de vista.
O desafio do missionário não será a dificuldade em levar as pessoas à salvação ou de recuperar as que estão afastadas de sua igreja, nem o problema dos corações endurecidos, mas antes o relacio­namento pessoal que têm com o próprio Senhor Jesus Cristo. "Credes que posso fazer isso?" Mt 9,28. O Senhor nos faz essa pergunta continuamente; temos de encará-la ao lidar com cada caso que achamos em nossos caminhos. Nosso grande desafio é: será que conheço o Senhor Jesus como ressuscitado? Conheço o poder de seu Espírito, se é que habita em mim ainda? Serei suficientemente sábio aos olhos de Deus e suficientemente tolo diante do resto do mundo, para apostar apenas no que Jesus disse em exclusivo, ou estarei descendendo da posição sobrenatural, a única para a qual o missionário é chamado a ter em exclusivo, isto é, deter uma ilimitada confiança em Cristo Jesus? Se eu adotar qualquer outro critério, estarei totalmente desviado do único critério estabelecido através do Se­nhor Jesus: "Toda a autoridade me foi dada... portanto, ide…" 
Mt 28,18-19.

26/10/2010

26 de Outubro

O Que é Um Missionário?
"Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio", João 20.21

Missionário será todo aquele que for enviado por Jesus Cristo, assim como Jesus foi enviado do Pai. A nota dominante de todas as missões não será os problemas dos homens, mas tudo quanto Jesus Cristo ordenou. A fonte de toda a nossa inspiração no trabalho de Deus está atrás de nós e não à frente. A tendência hoje será colocar a inspiração adiante, juntar todas as coisas diante de nós e fazer com que tudo aconteça de acordo com aquela concepção de sucesso que obcecamos retirar das coisas. No Novo Testamento, a inspiração — o Senhor Jesus — está colocada atrás de nós. O ideal é ser fiel a ele, é desenvolver seus empreendimentos por ele.
A coisa que não pode ser menosprezada nem desprezada, é a dedicação pessoal ao Senhor Jesus e o mesmo se deve poder dizer dos pontos de vista dele sobre todas as coisas. O grande perigo do trabalho missionário é que o chamado de Deus seja ofuscado nos problemas pessoais das pessoas ao ponto de ser a compaixão humana a sobrepor-se totalmente ao fato de termos sido enviados por Jesus Cristo. Os problemas são tão tremendos, as condições deixam-nos por vezes de tal forma perplexos que, todas as nossas idéias vacilam e falham por excelência. Esquecemos que o motivo básico de todo empreendimento missionário não é, primeiramente, a eleva­ção social das pessoas, nem a sua educação rígida, nem as suas necessi­dades básicas, mas, antes e acima de tudo, aquela ordem de Jesus Cristo: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações", Mt 28,19.
Quando estudamos a vida dos grandes homens e mulheres de Deus, a tendência será para ser dito deles: "Que sabedoria e que discernimento obtiveram! Como compreenderam perfeitamente tudo o que Deus queria deles!" Na verdade, a mente sábia que está por trás de tudo, será a de Deus e nunca a sabedoria de qualquer humano. Creditamos tudo na sabedoria humana, quando deveríamos atribuir tudo à orientação divina, a que vem de cima, usando-se de pessoas humildes que foram suficientemente "crianças" para confiar em toda a sabedoria de Deus e na capacitação que vem do alto exclusivamente.

25/10/2010

25 de Outubro

Submetendo-nos Aos Propósitos de Deus
"Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns", 1 Co 9,22.

Qualquer obreiro evangélico ou cristão tem de saber aprender a ser uma pessoa nobre e de enorme excelência e valor no meio de coisas vulgares e sem valor absoluto. Nunca faça esta queixa: "Se ao menos eu estivesse num outro lugar...!" Todos os servos de Deus são pessoas comuns que se tornaram invulgares, mediante a vida que lhes for dada por ele. Se não tivermos os pensamentos e os sentimentos certos, deixaremos de ter utilidade para Deus. Não somos obreiros de Deus por escolha pessoal. Muitas pessoas candidatam-se voluntariamente para o ministério; porém não levam em si nada da onipotente graça de Deus e nada de sua poderosa Palavra como testemunho eficaz. Todo o coração, mente e alma de Paulo eram dominados pelo grande propósito que Jesus Cristo veio realizar em todos nós; ele nunca perdeu de vista esse propósito excelente. Temos que encarar sempre este fato único como o principal: “Jesus Cristo e este crucificado”, 1Co 2,2.
"Eu vos escolhi", Jo 15,16. Mantenha em seu coração esta marca de grandeza exclusiva. Não é que você já tenha conquistado a Deus, mas antes que ele o conquistou a si de Seu jeito peculiar. Deus está operante aqui nesta escola, dobrando, quebrando, moldando, agindo e promovendo Sua vontade em exclusividade para cada individuo. Por que estará ele a fazer tudo isso, não sabemos; mas seu objetivo é apenas um — poder dizer: "Este homem é meu servo, esta mulher é minha serva". Temos que estar de tal forma nas mãos de Deus, que ele nos tenha porque usar e nos poder firmar junto com outros na mesma rocha.
Nunca se candidate voluntariamente ao ministério; porém, se Deus o chamou para ele, ai de si caso se desvie “para a direita ou para a esquerda” desse chamamento, Dt 28,14! Ele lhe fará o que nunca fez antes de lhe haver chamado; fará consigo o que não faz com outras pessoas. Permita que ele faça a vontade dele na esfera de toda a sua vida.

24/10/2010

24 de Outubro

O Ponto de Vista Correto
"Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz em triunfo", 2 Co 2,14.

A perspectiva e o ponto de vista de cada obreiro de Deus, não poderá ser mais e apenas um dos mais elevados que lhe seja possível atingir; precisa ser mesmo o mais elevado. Tenha o cuidado de se poder empenhar, todos os dias, para conservar o ponto de vista de Deus firmado ainda em si mesmo e não pense em termos finitos quando pensa neles. Nenhum poder exterior deve poder inverter ou mesmo influenciar o ponto de vista que Deus lhe deu a ver.
O ponto de vista que deve ser permanentemente mantido é o de estarmos aqui com um propósito específico apenas — sermos cativos e fazermos parte do séquito e dos triunfos de Cristo. Não somos "obra" de um salão de exposição de Deus; estamos aqui tão-somente para exibir uma vida completamente cativa a Jesus Cristo, 2Co 10,5, inteiramente real. Como são mesquinhos os outros pontos de vista como: "Acho-me aqui sozinho a batalhar por Jesus"; "Tenho que sustentar a causa de Cristo e defender esta "fortaleza" que ele me deixou". No entanto, Paulo afirma mais ou menos isto: "Estou como um conquistador, não importando quais as dificuldades que exis­tam em mim ou ao meu redor; serei sempre levado em triunfo no final". Será que essa concepção está sendo desenvolvida de maneira prática em nossas vidas diárias ainda hoje? O gozo secreto de Paulo era que Deus o chamara — a ele, um rebelde contra Jesus Cristo, um homem com as mãos todas sujas de sangue — e fez dele um cativo que para nada mais serviria enquanto estivesse aqui na terra. A alegria de Paulo era ser um cativo do Senhor; ele não tinha nenhum outro interesse, nem no céu nem na terra. É vergonhoso para qualquer cristão evangélico falar no obter vitórias ainda. O Vencedor deve ter-nos conquistado tão completamente que a vitória é sempre dele e nós “mais que vencedores através dele”, Rm 8,37.
"Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo", 2Co 2,15. Achamo-nos envolvidos na própria fragrância de Jesus e onde quer que formos, sempre nos tornaremos num agradável cheiro e seremos um maravilhoso refrigério para o próprio Senhor Jesus, nosso Deus.

23/10/2010

23 de Outubro

Nada Da Vida Antiga – Absolutamente nada!
"E assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas antigas já passaram;
 eis que se fez tudo novo", 2 Co 5,17.

O Senhor nunca alimenta nossos preconceitos por nós. Ele antes os mortifica e esmaga sempre que os acha. Nós achamos que Deus tem um interesse especial por todos os nossos preconceitos peculiares; temos plena certeza de que ele nunca nos irá tratar como trata as outras pessoas. "Deus tem que tratar os outros com muita severidade, mas, certamente, sabe que meus preconceitos estão embebidos de razão". Precisamos tomar pleno conhecimento de que nada de toda nossa vida antiga restará ainda em nós futuramente. Em vez de tomar partido por nossos preconceitos, Deus está deliberadamente participando ao ataque na sua destruição e oposição direta. Faz parte de nossa educação moral e espiritual permitir que a sua providência esmague todos os nossos preconceitos e ver como ele opera isso em nós. Deus não respeita nada do que lhe apresentamos como nosso. Só há uma coisa que Deus quer de nós, nossa entrega incondicional e absoluta a Ele e já.
Quando nascemos de novo, o Espírito Santo começa por fazer de nós uma nova criatura e o tempo virá quando não mais restará em nós nada da nossa antiga vida e forma de ser; a antiga autoconfiança desaparece; desaparece a antiga atitude diante das coisas e só a partir de então "tudo provém de Deus", 2Co 5,18. Como iremos alcançar uma vida isenta de lascívia, egoísmo e susceptibilidade a críticas e achar aquele amor que “não se exaspera, não se ressente do mal e é sempre benigno”, 1Co 13,4-5? O único método que funcionará será não deixar que nada da velha vida permaneça intacta em nós e permaneça apenas a simples confiança em Deus, uma confiança tal que não desejemos mais as bênçãos de Deus sem ele próprio. Será que já chegamos naquele ponto no qual Deus pode retirar suas bênçãos de todos nós sem que isso tenha como abalar ainda a nossa confiança nele? Mas sempre que vemos Deus em ação direta, nunca mais nos preocuparemos com o que nos poderá advir ainda, pois estamos enraizados e alicerçados confiando em nosso Pai que está nos céus, o que o mundo não pode ver.

22/10/2010

22 de Outubro

O Testemunho do Espírito
"O próprio Espírito testifica com o nosso espírito..." Rm 8,16

Corremos o perigo de buscar a Deus com o intuito de "negociar" com ele; queremos o testemunho dele em nós mesmo antes de fazermos o que Deus nos mandou.
Por que razão Deus não se manifesta a si? Ele não pode; não é que não o queira, mas não pode porque, enquanto não se entregar incondicionalmente e totalmente a ele, estará impedindo o Senhor de ser manifesto dentro de si. Assim que o fazemos, Deus dará testemunho de si mesmo logo ali; ele não dará testemunho sobre nós, mas testifica instantaneamente de sua própria natureza por (através de) nós. Se recebêssemos o testemunho antes de experimentarmos a realidade, isso resultaria em sentimentalismo e nunca em obra. Assim que pararmos com a impertinência de contestar a Deus para não o obedecermos para agirmos com base na redenção que ele ainda faz, ele dará seu testemunho logo ali. Assim que deixamos de raciocinar e argumentar, Deus dá testemunho do que ele já fez e nos espantamos ante a nossa impertinência por tê-lo ainda feito esperar por nós. Caso você esteja em dúvida se Deus pode libertá-lo do pecado ou não, de duas, uma — deixe-o fazê-lo, ou diga-lhe que não é capaz. Não fique citando as palavras dessa ou daquela pessoa; experimente Mt 11.28: "Vinde a mim todos os que estais sobrecarregados e oprimidos…". Vá, se estiver cansado e sobrecarregado e peça se sabe como você é mau, Lc 11,9-13. 
O Espírito de Deus não testemunha de mais nada a não ser da redenção do Senhor em nós e o fará sempre em e com meu espírito; ele não pode testificar com nossa razão. A simplicidade de nossas decisões naturais pode ser confundida com o testemunho do Espírito Santo, mas o Espírito só dá testemunho de sua própria natureza e da obra da redenção efetivada dentro de nós. Se estivermos tentando fazer com que ele testifique à nossa razão, não é de admirar que estejamos sempre em trevas absolutas e em confusão total. Lance tudo para dentro do mar, confie em Deus e será ele que dará Seu próprio teste­munho a si.

21/10/2010

21 de Outubro

Impulsividade Ou Discipulado?
"Edificando-vos na vossa fé santíssima", Jd 20

 O Senhor não tinha nada de impulsivo e desfigurado nele e na sua maneira de fazer e pensar, mas apenas uma serenidade em forma de força real, a qual nunca entrava em pânico sob nenhum aspecto complexo. A maioria dos crentes desenvolve seu cristianismo a partir de seu temperamento irascível e não a partir da orientação da natureza calma de Deus. A impulsividade é um traço da vida terrena, mas o Senhor a ignora sempre e sem pestanejar, porque ela impede o desenvolvimento da vida de cada discípulo. Observe como o Espírito de Deus refreia os nossos impulsos; Suas restrições produzem em nós sentimento de vergonha, o qual, nos leva imediatamente a querermo-nos justificar e reivindicar mediante circunstâncias. A impulsividade torna-se aceitável numa criança, mas será sempre algo desastroso e incompreensível num indivíduo já adulto; a pessoa impulsiva quando adulta, nada é mais que uma pessoa muito mimada. A impulsividade tem que ser transformada em intuição através daquela disciplina do Senhor.
O discipulado dá-se sempre quando baseado por inteiro na graça sobrena­tural vinda de Deus. Andar sobre as águas é fácil para quem tem uma coragem impulsiva, mas andar em terra firme como discípulo de Jesus Cristo é muito diferente porque nada o desafia a não ser o bom-senso. Pedro andou sobre as águas para ir até Jesus, mas em terra "seguia-o de longe", Mc 14,54. Não precisamos da graça de Deus para enfrentar crises e nos opormos a elas, pois o orgulho e a natureza humana bastarão para enfrentá-las; a natureza humana consegue enfrentar as tensões de sua maneira peculiar. Precisamos da graça sobrenatural de Deus quando é para viver vinte e quatro horas por dia em santidade, para realizar tarefas enfadonhas a nossos olhos, para viver uma vida simples e obscura como discípulo de Jesus. Temos aquela idéia de que temos de fazer coisas excepcionais para Deus – mas não temos. Temos é que ser excepcionais nas coisas do dia-a-dia; temos que ser santos em situações difíceis entre aquelas pessoas mais desagradáveis — e isto não temos como aprender em cinco minutos.

20/10/2010

20 de Outubro

Será que a Vontade de Deus é a Minha?
"Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação", 1 Ts 4,3

A questão não é se Deus me quer santificar, mas acima de tudo se sou eu quem quer ser santo e santificado. Estarei disposto a deixar que Deus opere em mim tudo o que ele realizou através da expiação e ainda está ao meu dispor durante um certo tempo? Estarei disposto a deixar que Jesus Cristo se torne a minha santificação, 1Cor.1.30 e que a vida dele se manifeste em meu corpo mortal aqui e agora ainda? Tenha cuidado para não andar por aí afirmando: "Como estou ansioso por ser santificado!" Por certo não está. Pare de desejar e passe à ação direta com Deus. Receba a Jesus num ato de fé resoluto, para que ele se torne santificação dentro de si também e a grande maravilha da expiação de Jesus também se tornará real na esfera de toda a sua vida.
Tudo quanto Jesus nos oferece pela sua morte, torna-se nosso como um dom gratuito e amoroso da parte de Deus para mim. Minha atitude como pessoa salva e santificada é a de uma santidade profunda, incondicional e humilde (santidade orgulhosa é coisa que não existe) — uma santidade baseada num arrepen­dimento profundo e honesto, num sentido de inexprimível vergonha e degradação quando passei sem ele; e também na maravilhosa compreensão de que Deus provou para comigo em seu amor através do fato de que, mesmo sabendo que eu não me importava absolutamente nada com ele, tudo fez pela minha salvação e santificação ainda assim, Rm 5,8. Não será de admirar que Paulo diga que “nada nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor", Rm 8,39.   
A santificação torna-me um com Jesus Cristo e, nele, um com o Pai; isto só se acha possível através da maravilhosa expiação realizada por Cristo em mim. Nunca tome o efeito como a causa. O efeito em mim é obediência, serviço e oração, que resultará e virá duma gratidão inexprimí­vel e duma grande adoração a Deus pela maravilhosa santificação operada em mim através da expiação.

19/10/2010

19 de Outubro

O Segredo Desatendido e Ignorado
"O meu reino não é desse mundo", João 18.36.

O grande inimigo do Senhor Jesus Cristo nos dias atuais é o conceito vigente de serviço cristão, como ele é tido, conhecido e praticado, o qual não se baseia no Novo Testamento, mas antes no sistema deste mundo que consiste sempre no emprego de energias para o desenvolvimento de certas atividades intermináveis que beneficiam gente, sem contudo os poder manter com e através duma comunhão íntima com Deus. Estamos enfatizando o erro e o que desvia por excelência. Jesus disse: "Não vem o reino de Deus com visível aparência... porque o reino de Deus está dentro de vós", Luc.17:20-21: é algo oculto e obscuro em nosso íntimo. O obreiro evangélico ativo, vive muitas vezes como que através duma vitrina. O que revela o poder espiritual, é o que se passa no mais profundo do nosso ser interior.
Necessitamos de nos desvencilhar do espírito da era religiosa na qual nos achamos inseridos. Na vida do Senhor não havia nada das tensões e pressões próprias duma excessiva atividade, a qual nós tanto valorizamos. E o discípulo tem que ser como seu Mestre. O que há de mais importante no reino de Jesus Cristo é o meu relacionamento pessoal com ele, não minha utilidade num serviço comum.
Não são essas atividades práticas que formam a força deste Instituto Bíblico; toda a nossa força reside no fato de que aqui você é submerso nas realidades de Deus e é preenchido com verdades diante de Deus. Você não tem como prever quais serão as circunstâncias nas quais Deus o irá envolver futuramente, nem que tensões lhe serão impostas aqui ou no estrangeiro. E se você desperdiçar seu tempo em atividades frenéticas em vez de procurar embeber-se das grandes verdades fundamentais desta redenção que há em nome de Deus, quando vierem os problemas sobre si, logo o abaterão fortuitamente. Mas, caso saiba aproveitar todo o seu tempo, sendo embebido através de verdades diante de Deus para se tornar arraigado e alicerçado em Deus em toda a sua vida interior, você permanecerá fiel a ele, não obstante o que lhe vier a ocorrer ainda.

18/10/2010

18 de Outubro

A Chave da Devoção do Missionário
"Pois, por causa do Nome foi que saíram", 3 João 7.

O Senhor explicou como nosso amor por ele deve ser revelado: "Tu me amas?" João 21:17. E logo de seguida: "Apascenta as minhas ovelhas" – exemplificando qual o amor a que se referia. Em abono de toda a verdade, isto quer apenas dizer: identifica-te com meu interesse nas outras pessoas; não Me identifiques com os teus interesses noutras pessoas. Em 1 Cor.13.4-8 lemos sobre algumas das características desse amor, sendo o amor de Deus bastante expressivo quanto a si mesmo. O que prova meu amor por Jesus será a sua vida prática por mim e em mim; tudo o mais será um conjunto de frases sentimentalistas.
Minha lealdade a Jesus Cristo resultará da obra sobrenatural da redenção operada dentro de mim, efetivada através do Espírito Santo, o Qual derrama o amor de Deus em meu coração abundantemente, Rom.5:5; e esse amor atua eficazmente através de mim na vida de cada pessoa com quem possa vir a lidar. Permaneço firme e leal ao seu Nome, até mesmo quando todos os argumentos do bom-senso me afirmam o oposto e desmintam Seu poder, declarando que não é maior do que o poder do nevoeiro da manhã?
O segredo da devoção missionária consiste em não estarmos apegados a nada e a ninguém deste mundo, a não ser ao próprio Senhor que ainda anda por cá; e isto sem estarmos desligados das coisas exteriores. O Senhor tinha uma liberdade impressionante de usar as coisas e depois deixá-las para trás; seu desapego era interior, resultante do seu amor ao pai. Em nosso caso, no entanto, o desapego exterior é muitas vezes forte indício de um apego secreto às coisas externas, se lermos os esforços que usamos para nos mantermos afastados delas.
A lealdade dum missionário consiste em manter a alma bem aberta à natureza do próprio Senhor Jesus Cristo. Os homens e mulheres que o Senhor envia para sua seara são pessoas comuns, dominadas por uma devoção a ele e a qual é sempre gerada através do Espírito Santo. 

17/10/2010

17 de Outubro

A Chave Para Aquelas Obras Maiores
"E outras (obras) maiores fará, porque eu vou para junto do Pai", João 14.12.

A oração não nos prepara para obras ainda maiores; a oração é a obra maior. Encaramos a oração como um exercício vulgarizado de nossas habilidades quando se necessitam milagres e que tem por objetivo prepararmo-nos para um serviço a Deus. Segundo o ensino de Jesus Cristo, a oração é a operação do milagre da redenção em mim, a qual produz em todos os outros o milagre da redenção também, através do poder de Deus. Será através da oração que o fruto permanece em nós e por nós; mas lembremo-nos que essa oração tem que ser baseada na agonia da redenção e não na minha agonia. Só uma "criança" obtém respostas concretas em toda a oração; o homem "sábio", nunca o conseguirá, Mt 11,25.
Será na oração que se trava a maior de todas as batalhas; nunca será o lugar onde estamos que fará a diferença. Seja qual for a situação na qual Deus nos coloca, nosso dever é orar sempre. Não aceite esta idéia: "Não sirvo para nada aqui onde estou"; você, certamente, também não servirá para nada onde não está. Sejam quais forem as circunstâncias nas quais Deus o lança, ore espontaneamente a ele sem parar. "E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei". Mas nós só queremos orar se pudermos ter sensações emocionantes; essa é a mais expressiva forma de egoísmo espiritual que existe em nós. Nosso trabalho tem que ser orientado por Deus e ele nos comanda a orar. "Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara".
Não há nada de excepcional no que um operário faz, mas é o operário quem executa as concepções do gênio; e é o obreiro cristão quem executa as concepções do seu Mestre. Você trabalha em oração e, do ponto de vista dele, os resultados serão um fator constante sempre que assim é. Que surpresa terá quando o véu for retirado dos seus olhos e ser descoberto qual o grande número de almas que colheu simplesmente porque tinha o hábito de cumprir ordens destas vindas de Jesus Cristo!

16/10/2010

16 de Outubro

A Chave Das Ordens do Mestre
"Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara", Mt 9,38.

O segredo da questão missionária está nas mãos de Deus — é a oração e não apenas o trabalho; não o trabalho, no sentido real da palavra, tal como é popularmente tido hoje, porque nos pode induzir a deixarmos de nos focalizar em Deus. O segredo da obra missionária não está em sabermos usar bom-senso, nem os melhores recursos médicos, não está em implantarmos a civilização, nem a educação, nem mesmo a evangeli­zação global. O segredo dessa obra é a oração. "Rogai, pois, ao Senhor da seara". Temos que nos capacitar de que, do ponto de vista do bom-senso, do natural, orar não é algo prático; pelo contrário, é ridículo, absurdo quando o mundo perece a olhos vistos.
Vendo através da perspectiva de Cristo não existem várias nações, mas um único mundo. Quantos de nós oramos sem fazer acepção de pessoas, considerando apenas uma Pessoa, Jesus Cristo? Ele é o dono da seara — aquele produto de angústia e convicção de pecado — e temos de orar para que Deus envie ceifeiros para essa seara. Deixamo-nos envolver pelo ativismo, enquanto há pessoas à nossa volta que estão maduras, prontas para uma colheita real; e não colhemos nenhuma delas; antes pelo contrário, desperdiçamos o tempo do Senhor em atividades super-organizadas. Suponhamos que surge uma crise na vida de seu pai ou na de seu irmão; você estará lá como um trabalhador pronto para fazer a colheita para Jesus Cristo ainda? "Oh, mas eu tenho um trabalho especial para fazer com meu pai!" Nenhum cristão tem um trabalho especial a fazer. O cristão é chamado para pertencer a Jesus Cristo, não a seu pai; não para estar acima de seu Mestre, nem para decidir por si mesmo o que quer fazer para de seguida impor a Jesus Cristo. O Senhor não nos chama para nenhum trabalho especial; ele chama-nos para si. "Rogai, pois, ao Senhor da seara" e ele preparará as circunstâncias para o poder enviar de seguida.

15/10/2010

15 de Outubro

A Chave Para Toda a Obra Missionária
"E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, 
mas ainda pelos do mundo inteiro", 1 João 2.2.

A base da mensagem missionária é a propiciação que Cristo Jesus realizou. Ele é a base de todo sacrifício de Deus. Se considerarmos qualquer aspecto da obra de Cristo, seja o das curas, o da salvação ou o da santificação, todos eles estão limitados. "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" — isto sim é que não tem limites. A mensagem missionária é o ilimitado significado de Jesus Cristo como propiciação por todos os nossos pecados e missionário será todo aquele que está embebido dessa manifestação pessoal.
A base da mensagem missionária é o aspecto remissório da vida de Cristo em nós; não sua benignidade, nem sua bondade, nem a sua revela­ção da própria paternidade de Deus; o fato de maior importância é que ele é a propiciação pelos pecados, “que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações”, Luc.24:47. A mensagem missionária não é patriótica, não faz acepção de povos nem de indivíduos; destina-se “a todas as nações”. Quando o Espírito Santo penetra em minha vida, ele não leva em consideração nenhuma das minhas preferências pessoais; Ele leva-me simplesmente a uma união de fato com o próprio Senhor Jesus Cristo.
Missionário é aquele que firmou um matrimónio com a causa e o ministério do seu Senhor e Mestre; sua função não é proclamar seus próprios pontos de vista, mas, sim, revelar o Cordeiro de Deus. É mais fácil fazer parte de um "grupo" e proclamar o que Jesus Cristo fez por mim; é mais fácil tornar-me um pregador de cura divina, ou dum tipo especial de santificação, ou dum do batismo com o Espírito Santo. Mas o que Paulo disse não foi: "Ai de mim, se não pregar o que Cristo fez por mim", mas, sim, "Ai de mim se não pregar o evangelho!", 1Co 9,16. E o evangelho resume-se assim: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!"

14/10/2010

14 de Outubro

A Chave Para Toda a Obra Missionária
"Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, 
portanto, fazei discípulos de todas as nações", Mt 28,18-20.

A base dos apelos para missões está na autoridade que Jesus Cristo tem e nunca na necessidade que os pagãos têm pelo evangelho de Cristo. Temos a tendência de olhar para o Senhor como alguém que nos assiste em nossos empreendimentos para Deus. Mas o Senhor transpõe essa barreira colocando-se como Senhor soberano e absoluto entre seus discípulos reais. Ele não diz que os pagãos se perderão se não formos a eles; ele simplesmente diz: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações". "Ide, firmados na manifestação da minha soberania; ensinai e fazei discípulos com base na experiência viva que têm comigo”.
"Seguiram os onze discípulos para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes designara", Mt 28,16. Se desejo conhecer a soberania universal de Cristo, tenho que conhecer o Senhor por mim mesmo, aprendendo a ficar a sós com ele a tempo inteiro; tenho que destinar tempo para adorar este Ser cujo nome levo em mim mesmo e sobre mim. "Vinde a mim" — esse é o ponto onde nos encontramos com Jesus. Você está cansado e sobrecar­regado? Quantos missionários não estarão? Limitamo-nos a utilizar essas maravilhosas palavras do Soberano universal na hora que apelamos aos não convertidos; no entanto, elas são dirigidas a seus próprios discípulos também.
"Ide, portanto..." Ir significa apenas viver experimentando de forma real. E At 1,8 contém a descrição do modo como se vai. Jesus não disse: "Ide a Jerusalém e à Judéia e à Samaria", mas, sim, "Sereis minhas testemunhas" em todos esses lugares. Ele leva sobre si aquela incumbência de determinar todas as nossa saídas.
"Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós..." João 15:7 — é assim que nos mantemos sempre "indo". É indiferente o lugar para onde seremos mandados. É Deus quem detém os planos arquitetados em suas próprias mãos.
"Porém, em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contando que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus", At 20,24. É assim que temos de continuar indo até completarmos toda a carreira que nos foi incumbida por Deus.

13/10/2010

13 de Outubro

Desânimo Individual e Crescimento Pessoal
"Naqueles dias, sendo Moisés já homem, saiu a seus irmãos
 e viu os seus labores penosos", Ex 2,11.

Moisés viu a opressão sobre seu próprio povo e teve certeza de que seria ele quem teria de providenciar libertá-lo; e, sob a justa indignação de seu próprio espírito, começou a corrigir as injustiças praticadas por eles e contra eles. Mas logo depois que ele deu o primeiro golpe em favor de Deus e da justiça, o Senhor permitiu que fosse levado para o desânimo total e enviou-o para o deserto onde ficaria a apascentar ovelhas durante qua­renta anos. No fim desse tempo, Deus apareceu a Moisés e disse-lhe que voltasse e libertasse o seu povo por ele, ao que ele replicou: "Quem sou eu para ir?" Já no começo, Moisés compreendera que era ele o homem destinado a libertar aquele povo, mas primeiro teria que ser treinado e disciplinado por Deus. Era a pessoa certa, sob o aspecto individual, mas não seria o homem certo para a tarefa enquanto não aprendesse a ter um certo tipo de comunhão com Deus.
É possível que tenhamos uma visão de Deus e uma compreensão clara da vontade dele para nós mesmos e comecemos logo a querer realizá-la; mas logo surge algo equivalente aos quarenta anos de deserto em nossas vidas, como se Deus não estivesse mais a fim de tudo quanto nos parecia estar. E quando nos sentimos profundamente desanimados e por vezes revoltados, Deus volta e renova o seu chamado e propósito conosco; então, estremecemos e começamos por dizer: "Oh, quem sou eu?" Será logo ali que temos necessariamente de aprender a primeira grande lição sobre Deus: "EU SOU O QUE SOU te enviou". Temos que aprender que nosso esforço pessoal por Deus será tido como uma mera impertinência; nossa individualidade tem que se tornar incandescente e brilhante na glória de Deus, através de um relacionamento pessoal com Ele primeiro, Mt 3,11. No entanto, sabemos que temos a visão certa: "É isso que Deus quer que eu faça"; porém subjugamo-nos ao aspecto individual da situação e não acertamos o passo com Deus. Caso esteja passando por um período de desânimo, saiba que um grande crescimento pessoal se refletirá em si lá pela frente.

12/10/2010

12 de Outubro

Acertando o Passo com Deus
"Andou Enoque com Deus", Gn 5,24.

O único teste da vida espiritual e do caráter de cada homem de Deus, não é o que faz naqueles momentos excepcionais da sua vida, mas o que faz nos baixios comuns, quando não há nada de extraordinário ou de emocionante para fazer. O valor duma pessoa manifesta-se pela sua atitude face às coisas consideradas vulgares e desagradavelmente comuns, sempre que não se torna o foco de muitas atenções, João 1,35-37;3,30. É trabalho árduo acertar o nosso passo com Deus para nos mantermos com ele dentro dos passos dele; espiritualmente, isso significaria encontrar novo fôlego para nós. Para aprender a caminhar com Deus, esbarramos sempre na dificuldade de acertar nossos passos e temporização com ele através dele; mas, quando o conseguimos, a única característica que se manifesta por nós, é a vida de Deus que está em nós. Em sua união com Deus, a pessoa não é mais vista por sua individualidade; só se percebem os passos e o poder de Deus a partir de então.
É difícil acertar o nosso passo com Deus, porque quando começamos a caminhar com ele verificamos que, antes de havermos dado três passos, ele já nos ultrapassou em muitos. Deus faz as coisas de modo muito distinto e temos que aprender a conhecer os métodos que ele mais usa. O profeta diz o seguinte a respeito de Jesus: "Não desanimará nem se quebrará", Is 42,4; e isso aconteceu, porque ele nunca agiu segundo o seu próprio conselho, mas antes e sempre segundo o do Pai. Temos que aprender a fazer o mesmo com Ele. Não será através do nosso raciocínio intelectual que aprenderemos as verdades espirituais todas, mas pelo contacto espiritual que obtivemos com ele. O Espírito de Deus modifica nossa maneira de encarar todas as nossas coisas; e o que antes se nos tornara impossível de conseguir, começa a tornar-se possível e normal agora. Acertar os nossos passos com Deus significa nada mais e nada menos do que entrar em uníssono e em comunhão unificadora com ele. Leva-se muito tempo para chegarmos lá, mas não desista como ele não desistiu. E se a dor agora for muito forte para si, não desista logo – prossiga e em breve verá que tem uma nova visão pela frente e um novo objetivo.

11/10/2010

11 de Outubro

O Silêncio de Deus...o Quê Depois?
"Quando, pois, soube que Lázaro estava morto, 
ainda se demo­rou dois dias no lugar onde estava", Jo 11,6.

Terá Deus confiado tanto em si que lhe deu por resposta um silêncio específico — um silêncio o qual tem grande significado? Os silêncios de Deus são as respostas. Pense nos dias de absoluto silêncio naquele lar em Betânia! Você já experimentou algo semelhante àqueles dias em sua própria vida? Será que Deus pode confiar em si dessa maneira, ou ainda insiste numa resposta visível da parte dele? Deus lhe dará as bênçãos que você pede, caso se recuse a dar mais um passo sem elas; mas o silêncio dele é sinal de que ele lhe está a dar uma maravilhosa compreensão dele próprio, entretanto. Você está-se lamuriando diante de Deus porque ainda não recebeu uma resposta verbal da parte dele? Verá que Deus confiou em si de tal forma profunda que mais não será possível, respondendo-lhe com um silêncio absoluto — não de desespero, mas de prazer — porque viu que você seria capaz de suportar dele, uma revelação maior ainda. Se Deus lhe respondeu com Seu silêncio, louve-o por isso; ele está a colocá-lo na grande corrente de seus próprios propósitos. A manifestação da resposta no tempo será uma questão que tem a ver com a total soberania de Deus. O tempo nada significa para Deus. Durante algum tempo, talvez tenha dito também: "Pedi a Deus pão e ele me deu uma pedra", Mt 7,9. Não é verdade; hoje você reconhece que ele, na verdade, lhe deu “o pão da vida”, João 6,35.
O que há de maravilhoso no silêncio de Deus é que ficamos contagiados pela quietude dele para nos podermos tornar ainda mais confian­tes: "Sei que Deus me ouviu". Seu silêncio será a única prova disso. Enquanto você insistir na idéia de que Deus responda suas petições dando-lhe a bênção desejada, ele assim o fará; contudo, nunca lhe dará a graça do silêncio. Se Jesus Cristo lhe estiver ensinando que a oração se destina a glorificar o Pai, o primeiro sinal de sua intimidade será o Seu silêncio. 

10/10/2010

10 de Outubro

Como Saberei?

"Graças te dou, ó Pai... porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos", Mt 11,25.

Nunca crescemos no plano espiritual passo a passo; ou temos esse relacionamento, ou não temos. Deus nos não vai purificando gradualmente “de todo o pecado”; quando estamos na luz, caminhando na luz, somos purifica­dos “de todo pecado”, 1João1,7. Será sempre uma questão simples de plena e incondicional obediência e, imediatamente após isso, o relacionamento torna-se sempre incontestável, harmonioso e perfeito. Se nos desviarmos um segundo apenas daquela obediência plena, nesse mesmo instante a escuridão e a morte nos cercarão.
Todas as revelações e manifestações de Deus permanecem lacradas até que possamos obedecer e obedeçamos; logo ali, se abrem para qualquer um de nós. Pela filosofia ou pelo raciocínio, nunca conseguiremos abri-las, nem contorná-las. Mas assim que obedecemos, surgirá um facho de luz sobre nós. Deixe a verdade de Deus operar em si através da absorção em seu próprio coração, em vez de tentar penetrar nela por vias da preocupação e ocupação desmesurada. O único meio de que dispomos para conhecer essa revelação será parar de tentar descobri-la e desvendá-la para se nascer de novo. Obedeça a Deus em relação à verdade que ele pessoalmente lhe manifestou e verificará que, logo ali, a verdade seguinte lhe será revelada também. A gente lê volumes e volumes sobre a obra do Espírito Santo e, no entanto, cinco minutos de obediência absoluta tornariam tudo claro como um raio de sol. "Suponho que um dia compreenderei estas coisas!" diremos muitas vezes. Você poderá compreendê-las agora obedecendo. Não é o estudo que nos proporcionará tal compreensão, mas a obediência pura. O menor gesto de obediência fará os céus abrirem-se e as verdades mais profundas de Deus logo se tornam nossas também. Deus nunca revelará outras verdades sobre si mesmo enquanto não tivermos obedecido às que já conhecemos anteriormente. Acautele-se para não se tornar "sábio e entendido" em si mesmo: “Aquele que quiser fazer a Sua vontade, saberá…” João 7:17.

09/10/2010

9 de Outubro

Construindo Sobre a Expiação
"Oferecei... os vossos membros como instrumentos de justiça", Rm 13,22.

Não me posso salvar nem me santificar a mim mesmo; não terei como ou porque expiar o meu pecado; não tenho porque me redimir do mundo; não posso corrigir o que está errado em mim, nem purificar o que é impuro, nem santificar o que se profanou. Tudo isso é obra para o poder soberano de Deus. Tenho fé no que Jesus Cristo fez por mim e em mim? Ele fez uma expiação perfeita; será que tenho o hábito de reconhecer isso de forma constante? Nossa grande necessidade não é fazer, mas, sim, crer em Deus que ainda o faz. A redenção de Cristo não é uma experiência, é a grande obra de Deus realizada por intermédio de Cristo dentro de mim mesmo e eu tenho que edificar minha fé sobre essa mesma obra ainda. Se eu edificar a fé sobre minha experiência pessoal, o resultado é o tipo de vida mais anti-bíblico que poderemos achar — uma vida isolada de Deus com forma divina e os olhos fixos na minha própria pureza que não é devidamente pura ainda. Cuidado com uma espiritualidade que não tenha porque se basear na expiação do Senhor em nós — ela não serve para nada mais, a não ser para uma vida enclausurada e para ser pisada pelos homens; será sempre uma vida inútil para Deus e um estorvo para os outros que ainda se querem salvar da maneira certa. Todas as nossas experiências devem ser avaliadas pela vivência do Senhor Jesus em cada um de nós. Não podemos fazer nada que agrade a Deus, a menos que edifiquemos conscientemente sobre o fato assumido daquela expiação que Ele fez.   
A expiação que Jesus faz, tem que ser desenvolvida em minha própria vida de forma prática e discreta. Sempre que obedeço, todo o poder de Deus estará do meu lado e assim a graça de Deus e a minha obediência acham-se em perfeita harmonia. Obedecendo, manifesto como confio na expiação; e, logo ali, a alegria daquele deleite de toda aquela graça sobrenatural de Deus vem ao encontro da minha própria obediência.
No entanto, tenhamos incondicional cuidado com a espiritualidade que nega a vida natural de cada homem — ela é fraudulenta. Coloque-se continuamente ante o tribunal da expiação que Deus fez e pergunte-se a si mesmo: "O que é que diz Seu discernimento sobre a expiação nisto e naquilo?"

08/10/2010

8 de Outubro

A Exclusividade de Cristo
"Vinde a mim", Mt 1,28

Não será humilhante irmos a Jesus? Pense nas situações sobre as quais, por norma, não queremos ir ter com Jesus. Se você quer saber até que ponto é autêntico em si mesmo, teste-se a si mesmo com essas palavras: "Vinde a mim". Em todos os aspectos sobre os quais ainda não se acha honesto e sincero, você preferencialmente contestará, acima de decidir-se ir ter com ele, preferirá evitar o assunto do que ir, entristecer-se-á em vez de ir, fará qualquer coisa para se esquivar, menos dar os últimos passos que lhe parecem a tal loucura total: "Tal qual estou, conforme sou". A prova de que ainda há em si algum vestígio de impertinência espiritual, é aquela atitude de ficar esperando que Deus lhe mande fazer algo grandioso e expressivo a seus olhos, quando tudo o que ele lhe diz é apenas: "Vinde a Mim".
"Vinde a mim". Quando você ouvir essas palavras, compreen­derá que alguma coisa terá que lhe acontecer primeiro, para que possa ir. O Espírito Santo lhe mostrará o que tem a fazer ainda — será algo que ponha o machado na própria raiz daquilo que o estiver impedindo de chegar lá onde deveria e pode estar. E enquanto você não se dispuser a cortar essa raiz nunca se irá dispor para ir ter com ele. O Espírito Santo apontará esse único ponto inexpugnável que existe ainda em sua vida, mas ele não poderá removê-lo, a não ser que você lho permita encetá-lo como ele sabe.
Quantas vezes você tem apresentado seus pedidos a Deus e ficado com a sensação de que: "Ah, desta vez tenho certeza que consegui!" No entanto, saiu dali sem nada, enquanto Deus esteve de mãos estendidas o tempo todo, não só para recebê-lo, mas para que você o recebesse a Ele acima de tudo. Pense na firme, incansável e inesgotável paciência que Jesus tem ainda: "Vinde a mim".

07/10/2010

7 de Outubro

A Natureza Da Reconciliação
"Àquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus", 2 Co 5,21.

O pecado é basicamente uma forma de relacionamento com fundamento; não é praticar o mal, é ser-se mau; é manter uma independência de Deus deliberada e ativa. O evangelho explica tudo com base na natureza ativa e radical do pecado contra Deus. As outras religiões falam de pecados; só a Bíblia fala do pecado. A primeira coisa que Jesus Cristo enfrentou nos homens foi a herança responsável pela transgressão; e, como temos ignorado redondamente esse fato na apresentação e na própria exposição do evangelho, a mensagem perdeu o seu aguilhão e o seu poder explosivo de regeneração total de cada homem.
O que a Bíblia nos pode revelar ainda, não será que Jesus Cristo tomou sobre si nossos pecados, mas que ele tomou sobre si a herança de todos os nossos pecados, algo que o homem é. Deus fez seu próprio Filho pecado para que pudesse fazer do pecador um ser santo, um filho como Cristo também. A Bíblia toda ensina que o Senhor carregou o pecado do mundo por iden­tificação pessoal e não por compaixão. Ele colocou toda a carga de pecado da raça humana deliberadamente sobre si e sobre seus próprios ombros e a carregou em sua própria pessoa divina: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós"; e, foi assim que colocou a redenção ao alcance de toda a raça humana. Jesus Cristo reabilitou toda a raça humana — ele a recolocou onde Deus determinara que ela estivesse — e qualquer um pode ter união com Deus agora, com base no que o Senhor fez na cruz e em nós.
Não podemos redimir-nos a nós mesmos – só com intervenção do próprio Deus; a redenção é obra de Deus, absolutamente consumada e completa; sua relação com cada indivíduo será uma questão de decisão pessoal também. Será absolutamente necessário que se faça sempre essa distinção entre a revelação da redenção e a experiência consciente de salvação na vida de uma pessoa e em seu interior.

06/10/2010

6 de Outubro

A Natureza da Regeneração
"Quando... aprouve revelar seu Filho em mim", Gl 1,15-16.

Caso Jesus Cristo me vá regenerar qual será o obstáculo principal com que se irá defrontar? Resume-se a isto: eu carrego dentro de mim uma carga hereditária pela qual não sou responsável; não sou santo e é pouco provável que venha a sê-lo sem Cristo; e se tudo o que Jesus Cristo tem para me dizer ainda é que tenho de ser santo, sua palavra gera em mim o desespero. Mas, se sei que Jesus Cristo é o regenerador de fato, aquele que pode colocar dentro de mim a sua própria herança e disposição de santidade, então, quando ele diz que tenho de ser santo, começo a entender o que ele quer dizer com isso. A redenção significa que Jesus Cristo pode colocar dentro de qualquer pessoa a mesma disposição hereditária que havia nele e ainda está nele e que todos os padrões de conduta que ele estabelece se basearão de futuro nessa mesma disposição: seu ensinamento é dirigido à vida dele que já deve estar em todos nós. A minha parte nessa transação e transferência moral consistirá apenas em concordar em pleno com o veredicto de Deus sobre o pecado, expiando-o através da cruz de Jesus Cristo.
Tudo aquilo que o Novo Testamento ensina sobre regeneração é que, quando alguém sente profundamente sua necessidade espiritual diante de Deus, Deus infunde o seu próprio Espírito Santo no espírito dela, que passa a ser vi­talizado pelo Espírito do Filho de Deus até ao fim, "até Cristo ser formado em vós", Gal.4:19. O milagre moral da redenção é que Deus pode introduzir em mim uma nova disposição pela qual posso viver numa e através duma vida totalmente nova para mim. Quando descubro o quanto sou necessitado e reconheço minhas próprias limitações insondáveis, Jesus diz: "Bem-aventurado és tu". Mas tenho que chegar lá. Deus não pode colocar em mim, um ser moral responsável, a disposição que estava em Jesus Cristo, a não ser que eu esteja consciente de que preciso mesmo dela.
Tal como a disposição para o pecado entrou na raça humana por causa dum só homem, também o Espírito Santo entrou na raça humana por um outro homem em tudo santo. Redenção significa que posso ser liberto da carga hereditária do pecado e, por causa de Jesus Cristo, poderei vir a receber uma herança imaculada, ou seja, o Espírito Santo de Deus em mim mesmo.

5 de Outubro

A Inclinação Natural da Degeneração
"Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram", Rm 5,12

A Bíblia não nos diz que Deus puniu a raça humana pelo pecado de um homem; mas que a disposição para pecar, ou seja, a minha reivindicação de meus direitos sobre mim mesmo, entrou na raça humana por causa dum homem, mas que outro homem tomou sobre si o pecado dessa mesma raça humana e o aniquilou esse poder anterior sobre ela mesma, Hb 9,26, o que é uma revelação infinitamente mais profunda que qualquer outra. A disposição para pecar não é a imoralidade nem a prática de outras coisas erradas, mas a disposição da auto-realização onde e quando me torno meu próprio deus. Essa disposição pode até manifestar-se através da moralidade e decência ou por uma imoralidade muito indecente, irreversível e pouco abonatória, mas sua base será sempre uma e a mesma: a reivindicação de meus direitos sobre mim mesmo para os continuar a deter em mim mesmo. Quando o Senhor se defronta com homens cheios de forças malignas ou com homens com sua vida aparentemente limpa, moral e correta, ele não presta nenhuma atenção à degradação moral dos primeiros, nem à boa condição moral dos últimos; ele olha para algo que nós não vemos, ou seja, a disposição interior de cada homem e mulher.
O pecado é algo no qual já nasci e em que não terei como tocar para mudar sua disposição; mas Deus toca o pecado globalmente pela redenção que faz e consegue em nós. Pela cruz de Jesus Cristo, ele resgatou toda a raça humana da possibilidade de ser condenada por causa do que herdou do pecado. Em nenhum momento Deus julga o homem tendo-o como responsável por ter recebido da conduta e da herança do pecado. Se somos condenados não é por havermos nascido com a herança do pecado; contudo, se compreendermos que Jesus Cristo veio para libertar-nos dela e nos recusarmos a permitir que ele o faça agora e já, a partir deste momento que Cristo veio iniciou-se também o processo do juízo e da condenação. "O julgamento é este: (o momento crítico), que a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz", João 3:19.

04/10/2010

4 de Outubro

A Visão e a Realidade
"Chamados para ser santos", 1 Co 1,2

Agradeça a Deus pela visão daquilo que você ainda não conse­guiu atingir em si mesmo. Você teve a visão, mas ainda está muito longe de poder alcançá-la. É quando estamos no vale — onde se verifica se nos tornaremos de fato melhores ou não — que a maioria volta atrás. Não estamos total­mente preparados para os golpes que passaremos a sofrer se quisermos ser moldados para tornar um fato a forma que obtivemos na visão. Já sabemos que ainda não somos como Deus quer que sejamos, mas será que estamos dispostos a ser martelados por Deus até que tenhamos a forma da visão que contemplamos? Os golpes serão sempre fornecidos pelas situações comuns e através de pessoas vulgares.
Há ocasiões em que sabemos qual é o propósito que Deus tem para nós; mas deixar que a visão se transforme em realidade por nós, depende de nós e não de Deus. Se preferirmos ficar resguardados no monte para vivermos de lembranças, não serviremos para nada entre fatos comuns dos quais a vida humana é feita. Temos que aprender a viver confiantes naquilo que a visão nos mostrou, não com êxtases e meras con­templações de Deus, mas entre os fatos, à luz daquela visão, até que cheguemos à verdadeira realidade daquilo que foi projetado através da visão que obtivemos anteriormente. Cada etapa de toda a nossa instrução exclusiva tem isso mesmo por único objetivo. Aprenda a agradecer a Deus por Ele lhe manifestar e revelar tudo que Ele exige de si.
O mesquinho "eu sou" sempre fica amuado quando Deus lhe diz que faça algo. Que esse mesquinho "eu sou" se murche e suma ante a indignação de Deus — "EU SOU O QUE SOU te enviou". Ele tem que ser dominante. Não é impressionante ver que Deus sabe onde vivemos e conhece todas aquelas cavernas onde nos escondemos? Como o relâmpago revela o que a escuridão esconde, assim ele nos descobre também. Nenhum ser humano conhece o ser humano como Deus o conhece.

03/10/2010

3 de Outubro

A Lugar Para o Ministério
"Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum", Mc.9.29.

Os Discípulos perguntaram em privado: "Por que não pudemos nós expulsá-lo?" Mc 9,28. A resposta está no relacionamento pessoal que obtivemos com Jesus Cristo. Essa casta não pode sair senão pela concentração em Cristo, por uma redobrada concentração nele somente. Podemos permanecer sempre impotentes tal qual estavam os discípulos, se tentarmos realizar o trabalho de Deus baseados em idéias oriundas de nosso próprio temperamento, em vez de estarmos intensamente ligados ao poder de Deus. Difamamos a Deus com nosso ímpeto de trabalhar para ele sem conhecê-lo pessoalmente.
Quando você se defronta com um caso difícil em seu ministério e nada acontece aparentemente, saiba todavia que, a libertação apenas se dará porque você está concentrado em Cristo Jesus. Nossa responsabilidade é cuidar para que não haja nada entre nós e Jesus. Ou será que há ainda? Se houver, devemos resolver o problema desde logo e de raiz; não ignorá-lo irritados, nem irar-nos, mas enfrentá-lo e vencê-lo na presença de Jesus Cristo; então, esse mesmo problema e tudo aquilo que impede o que experimentamos em relação a ele, glorificarão a Jesus de um modo que jamais saberemos, a não ser quando virmos o Pai face a face.
Precisamos ser capazes de subir com asas como águias; mas precisamos também aprender a descer com asas como águias. O poder do cristão consiste em descer e saber viver no vale. "Tudo posso naquele que me fortalece", Fl 4,13 diz Paulo e as circunstâncias a que ele se referia, então, eram de modo geral, bastante humilhantes. Está em nós recusarmo-nos a ser humilhados: "Não, obrigado, prefiro muito mais ficar no alto do monte com Deus". Será que sou capaz de enfrentar as coisas como elas são realmente, à luz da realidade de Jesus Cristo, ou elas anulam totalmente a minha fé nele e me acometem ao pânico?