Devocional Diário TUDO PARA ELE, de Oswald Chambers Publicação: Editora Betânia.

IMPORTANTE: AS DEVOCIONAIS DIÁRIAS ESTÃO ARQUIVADAS E VOCÊ PODE PESQUISAR O DIA DO ANO QUE QUISER E LER A QUALQUER MOMENTO.


Passo a publicar também, algumas meditações de Brennan Manning, do devocional "Meditações para Maltrapilhos". (dez/2011)

"Estas leituras diárias foram coletadas de várias fontes, mas principalmente de conferências proferidas por Oswald Chambers no Bible Training College, Clapham, durante os anos de 1911 a 1915; depois, de outubro de 1915 a novembro de 1917, das palestras feitas nos cultos noturnos dos acampa-mentos do Y.M.C.A (Associação Cristã de Moços), em Zeitun, no Egito.

Em Novembrode 1917, meu marido foi chamado à presença de Deus. Desde então muitas dessas palestras foram reunidas em volumes e publicadas. Parte destes textos é constituída de mensagens pronunciadas durante a hora devocional no colégio - hora que, para muitos alunos, foi um marco em sua vida espiritual. "

"Os homens estão sempre se voltando aos poucos que dominam o segredo espiritual, cuja vida está escondida com Cristo em Deus. São os da religião dos velhos tempos, pendentes dos cravos da cruz." (Robert Murray McCheyne.).

Por sentir que o autor desta obra é um desses, cujos ensinamentos os homens voltam sempre a consultar, é que este livro foi preparado e lançado com uma oração para que, dia a dia, suas mensagens continuem a produzir a vida e a inspiração vivificantes do Espírito Santo".
B.C. 1927

27/12/2010

Tudo Para Ele, Oswald Chambers - Ed. Betânia

27 de Dezembro
Onde Perdemos ou Ganhamos as Batalhas
"Se voltares, ó Israel, diz o Senhor... " - Jeremias 4.1.
.....As batalhas nunca são ganhas ou perdidas primeiro no mundo exterior, .....mas nos lugares secretos da vontade, ..perante Deus. O Espírito de Deus me constrange e sou obrigado a ficar a sós com Deus e travar a batalha diante dele. Enquanto não fizer isso, serei sempre derrotado. .....A batalha pode levar um minuto ou um ano, isso dependerá de mim, não de Deus; mas deve ser travada a sós diante de Deus, e eu devo atravessar resolutamente ..o inferno de uma renúncia diante de Deus. Nada tem poder sobre aquele que já batalhou diante de Deus e venceu.
.....Se eu disser: "Vou esperar passar por uma provação e então porei ...Deus à prova", .....descobrirei que isso é impossível. Tenho que acertar as coisas entre mim e Deus nos lugares secretos de minha alma,...onde nenhum estranho interfere, e então poderei prosseguir com a certeza de que a batalha será ganha. .Se a perder ai, me sobrevirão calamidades e transtornos, tão certos quanto os decretos de Deus. ....A razão de eu não ganhar a batalha é que tento vencê-la primeiro no exterior. Fique a sós com Deus, lute diante dele, resolva a questão ali de uma vez por todas.
.....Ao tratar com outras pessoas, .nossa função é levá-las a resolver a questão em termos de uma decisão. .....Esse é o meio pelo qual se inicia a entrega. De vez em quando, Deus nos leva a uma encruzilhada. Esse é o ponto crucial; daí por diante, ou partimos para um tipo de vida cristã .cada vez mais fraca e inútil, .....ou nos tornamos mais e mais inflamados para a glória de Deus - o máximo de nós para a glória de Deus.

26/12/2010

Tudo Para Ele, Oswald Chambers - Ed. Betânia


26 de Dezembro
Postos na Luz
"Se, porém, andarmos na luz como ele está na luz... o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado."
- 1 João 1.7.
.....É um grande erro confundir o estar ciente do fato de que estou livre do pecado com libertação do .pecado pela expiação. Ninguém entende o que é pecado enquanto não nasce de novo. .....Pecado foi o que Jesus Cristo enfrentou no Calvário. ...A prova de que estou liberto do pecado é que entendo a verdadeira natureza do pecado em mim. ..Para que o homem entenda o que é pecado, é preciso que ele experimente o máximo da expiação de Jesus Cristo, .....ou seja, .....a comunicação de sua absoluta perfeição.
.....O Espírito Santo .....aplica a expiação em nós tanto na área inconsciente como na área de que temos consciência; .....e só quando chegarmos a ter uma idéia do poder do .....Espírito em nós é que compreenderemos o sentido de .....1 João 1.7: ."O sangue de Jesus........ ....nos purifica de todo pecado. " Isso não se aplica apenas ao pecado consciente, mas à compreensão profunda do pecado, que só posso receber do Espírito Santo que habita em mim.
.....Se eu andar na luz como Deus está na luz - não na luz da minha consciência, mas na luz de Deus - se andar nela, sem que nada esteja encoberto, ...então receberei esta maravilhosa revelação: o sangue de Jesus Cristo me purifica de todo pecado, a tal ponto que o Deus todo-poderoso nada vê de repreensível em mim. .....O resultado ....disso na minha consciência .....é um doloroso conhecimento do que é pecado. O amor de Deus que opera em mim faz-me odiar, .com o mesmo ódio do Espírito Santo, ..tudo o que não esteja de acordo com a santidade de Deus. .....Andar na luz significa que tudo o que é das trevas me impele para mais perto da luz.

25/12/2010

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25 de Dezembro
Seu Nascimento e o Nosso Novo Nascimento

"Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel." - Isaías 7.14.
.....Seu nascimento na História. .."Por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus (Lucas 1.35). Jesus Cristo nasceu no mundo, .....não do mundo. Não surgiu da História; .ele entrou na História, vindo de fora. Jesus Cristo não é o melhor dos seres humanos. ..Ele é um ser que não pode, em absoluto, ser explicado pela raça humana. Ele não é um homem que se tornou Deus, .mas Deus encarnado, Deus vindo do céu e assumindo carne humana. Sua vida é a mais elevada e a mais santa que aqui chegou entrando pela porta mais humilde. O nascimento do Senhor foi um advento.
.....Seu nascimento em mim. "Por quem de novo sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós." ...(Gálatas 4.19.) Assim como o Senhor entrou na história humana, também deve entrar em mim. Terei permitido que minha vida se transforme numa "Belém" para o Filho de Deus? .Eu não posso entrar nos domínios do reino de Deus, .....a menos que nasça .....do alto através de um nascimento totalmente diferente do natural. .. ."Importa-vos nascer de novo." Isso não é uma ordem, é um fato fundamental. A característica do novo nascimento é que eu me renda a Deus de forma tão completa que Cristo seja formado em mim. Assim que Cristo é formado em mim, .sua natureza começa a atuar através de mim.
.....Deus manifesto na carne. A redenção torna isso realmente possível, para você e para mim.

24/12/2010

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24 de Dezembro
A Vida Oculta
"A vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus." - Colossenses 3.3.
.....O Espírito de Deus testifica da extraordinária segurança da vida oculta com Cristo em Deus ........isso é constantemente ressaltado nas epístolas. Falamos de viver uma vida santificada como se isso fosse uma ...coisa muito incerta; porém é a mais segura, porque essa vida tem em si e por trás dela o Deus todo-poderoso. ..A coisa mais incerta é tentar viver sem Deus. Se já nascemos de novo, a coisa mais difícil é errar; ....e a mais fácil é viver em correio relacionamento com Deus, bastando que prestemos atenção às suas advertências e nos mantenhamos na luz.
.....Quando pensamos em andar na luz, .....em ser libertos do pecado, .....cheios do Espírito, ..isso nos parece o pico de uma montanha muito alta, .....e concluímos: ....."Oh, eu nunca conseguiria viver lá em cima!....." Mas quando, .pela graça de Deus, chegamos lá, descobrimos que não se trata de um pico de montanha, .....mas de um planalto onde existe .amplo espaço para viver e crescer. "Alongaste sob meus passos o caminho." Se você realmente vir a Jesus, eu o desafio a duvidar dele. Quando ele diz: "Não se turbe o vosso coração", .....se você o vir, ...eu o desafio a deixar que sua mente se perturbe; quando ele está presente é impossível duvidar. .....Todas as vezes que você entra em contato pessoal com Jesus, ..as palavras dele se tornam reais. ....."A minha paz vos dou" .....- uma paz que abrange tudo, ...desde o alto da cabeça até a sola dos pés, uma confiança irreprimível. "A vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus", e a perfeita paz de Jesus Cristo é transmitida a você.

23/12/2010

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23 de Dezembro
Como Poderei Participar Pessoalmente da Expiação?

"Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo." 
- Gálatas 6.14.
.....O evangelho de Jesus Cristo sempre exige que se tome uma decisão. .....Será que aceito o veredito ...de ...Deus .sobre o pecado, dado na cruz de Cristo? .....Terei o mínimo interesse na morte de Jesus?.Aceito ser identificado com a sua morte, e morrer para todo interesse pelo pecado, pelo mundanismo, por mim mesmo .......e identificar-me a tal ponto com Jesus que nada mais me interesse a não ser ele?..O privilégio do discipulado é eu poder estar alistado sob a cruz, e isso significa morte para o pecado. .....Fique a sós com Jesus e diga-lhe, ou que você não quer que o pecado morra em você, ou que deseja ser identificado com a morte dele a qualquer preço. .....Tão logo você o faça, pela fé no que o Senhor fez na cruz, ...ocorre uma identificação sobrenatural com a morte dele, ..e com uma certeza que ultrapassa todo entendimento, você se assegura de que o seu "velho homem" está crucificado com Cristo. .....A prova é a facilidade com ...que a vida de Deus em você o capacita a obedecer à voz de Jesus Cristo.
.....De vez em quando o Senhor nos deixa ver o que seríamos se não fosse por ele, para provar o que ele disse: ...."Sem mim nada podeis fazer." R por isso que a base do cristianismo é um amor ardente pelo Senhor Jesus. ....Confundimos o êxtase de nossa experiência inicial de ingresso no reino com o propósito que Deus tinha ao introduzir-nos em seu reino; ..seu propósito ao introduzir-nos nele é que possamos compreender tudo o que a identificação com Jesus Cristo significa.

22/12/2010

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22 de Dezembro
O Pai nos Atrai a Si

"Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer. " - João 6.44.
.....Quando Deus me traz a Cristo, ....surge imediatamente a questão da minha vontade: aceitarei a revelação dada por Deus, irei a ele? Discutir sobre questões espirituais é impertinência. .....Quando Deus lhe falar, não discuta com ninguém. A fé não é um ato intelectual, é um ato moral, mediante o qual me entrego deliberadamente. .Estarei disposto a entregar-me totalmente a Deus e a agir com base no que ele diz?.....Nesse caso, .verificarei que estou alicerçado na realidade do evangelho, que é tão seguro quanto o trono de Deus.
.....Ao pregar o evangelho, insista sempre numa decisão da vontade. .....A fé deve ser a decisão de crer. .....Deve haver uma capitulação da vontade - ....não ante um poder persuasivo - mas uma firme caminhada em direção a Deus, baseada nele e no que ele diz, ...até que eu perca a confiança no que tenho feito e confie apenas em Deus. .....O problema é que não confio em Deus, mas apenas na minha compreensão intelectual. .....No que diz respeito aos meus sentimentos, ..não devo confiar neles. Preciso tomar a decisão de crer, ..e isso nunca poderá ser feito sem um esforço violento de minha parte, para separar-me da minha antiga maneira de ver as coisas e entregar-me totalmente a ele.
.....Toda pessoa tem condições de ir além do seu alcance. ....É Deus quem me leva a si, e meu relacionamento com ele é, em primeiro lugar, um relacionamento pessoal, ..não intelectual. ....Entro nesse relacionamento pelo milagre de Deus e por minha própria vontade de crer; depois passo a ter uma compreensão e uma apreciação inteligente da maravilha de tal acontecimen- to.

21/12/2010

Tudo Para Ele, Oswald Chambers - Ed. Betânia


21 de Dezembro
Experiência ou Revelação
"Temos recebido... o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus foi dado gratuitamente."
- 1 Coríntios 2.12.
.....A redenção é uma realidade em si mesma, ......não a experiência que tive nela; mas a redenção não terá sentido para mim enquanto ela não falar a minha linguagem. ...Quando me converti, o Espírito de Deus me libertou de mim mesmo e de minhas experiências, e me identificou com Jesus Cristo. .Se minhas experiências ainda continuam comigo, elas não foram produzidas pela redenção. .....A prova de que uma experiência é produzida pela redenção é que ela me liberta cada vez .....mais de mim mesmo; não considero mais as minhas experiências como base da realidade; .levo em conta apenas a realidade que produziu essas experiências. Minhas experiências não valem nada, a menos que me mantenham junto à fonte, Jesus Cristo.
.....Se você tentar represar o ....Espírito Santo .....que está em você para produzir experiências subjetivas, descobrirá que ele romperá todas as barragens e o levará de volta ao Cristo histórico. .......Nunca alimente uma experiência que não tenha Deus como fonte e a fé em Deus como resultado. .....Se o fizer, sua experiência será anticristã, ...não importam as visões que você possa ter tido. Jesus Cristo é o Senhor de suas experiências, ou você está tentando ser o senhor dele? ....Alguma experiência lhe é mais preciosa do que o seu Senhor? ...Ele tem que ser o seu Senhor, e nenhuma experiência sobre a qual ele não seja o Senhor deve ter valor para você. .....Tempo virá em que Deus .o tornará indiferente às suas experiências: "Pouco me importa aquilo que experimento; estou segura é dele."
.....Se você é dado a falar sobre as experiências que teve seja implacável consigo mesmo; ..a fé que é firme em si mesma não é fé; a única fé que existe é a que tem segurança em Deus.

20/12/2010

20 de Dezembro

O Modo Correto de Trabalhar

"E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo." - João 12,32.



Poucos de nós têm compreensão da razão pela qual Jesus Cristo morreu. Se compaixão é tudo o de que os seres humanos precisam, então a cruz de Cristo e uma farsa; não havia necessidade dela. O de que o mundo precisa não é de "um pouquinho de amor", mas de uma operação cirúrgica.

Quando você se achar face a face com uma pessoa com um problema espiritual lembre-se de Jesus Cristo na cruz. Se aquela pessoa puder chegar a Deus de qualquer outro modo, então a cruz de Jesus Cristo é desnecessária. Se você puder ajudar outros com a sua compaixão ou compreensão, é um traidor de Jesus Cristo. Você tem que se manter num relacionamento correto com Deus e dar-se aos outros à maneira de Deus, não à maneira humana, que ignora Deus. A ênfase hoje em dia é religiosidade benévola.

A única coisa que temos de fazer é apresentar Jesus Cristo crucificado, levantá-lo o tempo todo. Toda doutrina que não estiver baseada na cruz de Jesus levará o ouvinte para a direção errada. Se nós, servos de Cristo, cremos nele e confiamos na realidade da redenção, as pessoas às quais falamos irão sentir isso profundamente. O que permanece e se aprofunda é nosso relacionamento com Jesus Cristo; nossa utilidade para Deus depende tão-somente disso.

A vocação do servo de Cristo é descobrir o pecado e revelar Jesus Cristo como Salvador; conseqüentemente ele não pode ser poético, tem que ser rigorosamente cirúrgico. Somos enviados por Deus para levantar Jesus Cristo perante o mundo, não para fazer discursos maravilhosos e belos. Temos que sondar os outros profundamente, como Deus nos sondou; ter discernimento para descobrir os textos que revelam diretamente a verdade, e aplicá-los com destemor.

19/12/2010

19 de Dezembro

Em que Devemos Concentrar-nos

"Não vim trazer a paz, mas espada." - Mateus 10,34.



Nunca se compadeça da pessoa cujo problema o leve à conclusão de que Deus é severo demais. Deus é mais brando do que podemos imaginar. De vez em quando, porém, ele permite que sejamos severos para que ele possa revelar toda a brandura que lhe é peculiar. Se alguém não consegue chegar até Deus, é porque existe algo oculto a que ele se recusa a renunciar: "Posso admitir que errei, mas não tenho a menor intenção de renunciar àquilo." É impossível lidar com um caso desses compassivamente; .temos que ir direto à raiz do problema, para que a pessoa revele seu antagonismo e ressentimento contra a mensagem. As pessoas querem as bênçãos de Deus, mas não suportam que lhes toquemos um ponto sensível.

Se você tem sido submisso a Deus, sua mensagem como servo dele é de insistência implacável no sentido de cortar o mal pela raiz; do contrário não haverá cura. Insista na mensagem até que o ouvinte não possa mais fugir de sua aplicação. Comece a abordar as pessoas no ponto onde estão, até levá-ias a perceber o que lhes falta, e então apresente-lhes .o padrão de Jesus Cristo para a vida delas. Nunca conseguiremos ser assim. Lance então o argumento final: Jesus diz que vocês têm que ser assim. Mas como poderemos ser assim? Não poderão; a menos que recebam um novo espírito." (Lc 11,13.)

É preciso que as pessoas tenham consciência de sua necessidade para que a mensagem tenha qualquer utilidade. Milhares de pessoas estão felizes sem Deus neste mundo. Se eu estava feliz e vivia uma vida decente até Jesus vir, por que foi que ele veio? Porque esse tipo de felicidade e paz está em bases erradas. Jesus Cristo veio para passar ao fio da espada toda paz que não brote de um relacionamento pessoal com ele.





18 de Dezembro

O Teste da Lealdade

"Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus."
- Romanos 8,28.



Só a alma leal crê que Deus cria circunstâncias. O modo como tornamos liberdades com nossas circunstâncias mostra que na verdade não acreditamos que Deus as crie, embora digamos que sim; encaramos as coisas que nos acontecem como se fossem criadas por homens. Ser fiel em toda circunstância significa ter compromisso apenas com uma pessoa: o Senhor. Repentinamente, Deus desfaz uma determinada série de circunstâncias e então vem-nos a compreensão de que lhe fomos desleais por não termos reconhecido que ele as ordenara; não entendemos o que ele pretendia, e aquela experiência nunca se repetirá em nossa vida. O teste da lealdade dá-se exatamente aí. Se aprendermos a adorar a Deus em circunstâncias difíceis, ele as alterará em questão de segundos, quando quiser.

A lealdade a Jesus Cristo é o ponto em que engasgamos. Estamos prontos para ser fiéis em nosso trabalho no serviço cristão, ou em qualquer outra coisa, mas não a Jesus Cristo. Muitos cristãos mos-tram-se impacientes quando se fala sobre lealdade a Jesus. O Senhor é mais destronado por seus próprios servos do que pelo mundo. Deus é transformado numa máquina de abençoar, e Jesus Cristo num servo entre os demais servos.

A questão não é que trabalhemos para Deus, mas que lhe sejamos tão leais que ele possa realizar sua obra através de nós: "Conto com vocês para o serviço extremo, sem queixas de sua parte, nem explicações da minha." Deus quer usar-nos como usou o seu próprio Filho.

17 de Dezembro

A Redenção Cria a Necessidade que Ela Mesma Satisfaz

"Ora, o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura." -
 1 Corintios 2,14.



O evangelho de Deus cria um senso de necessidade do evangelho. Paulo diz: "Se o nosso evangelho ainda está encoberto" - para os ímpios? Não, "Para os que se perdem nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos." A maioria das pessoas está bem segura da sua moralidade; elas não têm nenhum senso de necessidade do evangelho. É Deus quem cria em nós essa carência espiritual, da qual nenhum ser humano tem consciência a não ser depois que o próprio Deus se manifesta. Jesus disse: "Pedi e dar-se-vos-á", mas Deus não pode dar enquanto o homem não pedir. Não que ele retenha as dádivas, mas é dessa maneira que ele estabeleceu tudo, com base na redenção. Por meio dos nossos pedidos, Deus põe em ação os processos mediante os quais ele cria as dádivas que só passarão a existir depois que as pedirmos. A realidade intrínseca da redenção é que ela está o tempo todo criando. Assim como a redenção cria em nós a vida de Deus, ela cria igualmente todas as dádivas relacionadas com essa vida. Nada pode satisfazer certa necessidade senão aquilo que a criou. Esse é o sentido da redenção - ela cria e satisfaz.

"E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo." Quando pregamos a nossa própria experiência, as pessoas podem ficar interessadas, mas isso não desperta nelas a consciência de sua necessidade espiritual. Se Jesus Cristo for levantado, o Espírito de Deus irá criar uma consciente necessidade dele. Por trás da pregação do evangelho, está a criativa redenção de Deus em ação no coração dos homens. Não é nosso testemunho pessoal que salva as pessoas. "As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida."



16 de Dezembro

Lutar Diante de Deus

"Portanto, tornai toda a armadura de Deus... orando em todo tempo... " - Efésios 6,13.18



Temos que lutar contra tudo que nos impeça de chegar a Deus, e, em oração, lutar a favor de outras pessoas. Nunca digamos que lutamos com Deus em oração, porque essa colocação não tem respaldo nas Escrituras. Se você lutar com Deus, ficará aleijado para o resto da vida. Se alguém se atracar com Deus e lutar com ele, como fez Jacó, pelo fato de ele agir de uma forma que não lhe agrada, estará obrigando-o a desconjuntá-lo. Não seja um coxo nos caminhos de Deus; seja um daqueles que lutam diante de Deus, tornando-se mais do que .vencedor através dele. Lutar diante de Deus conta muito no seu reino. Se você me pedir para orar por você e eu não estiver aperfeiçoado em Cristo, poderei orar, mas não surtirá efeito; contudo, se eu estiver aperfeiçoado em Cristo, minha oração prevalecerá. A oração só é eficaz quando somos íntegros: "Portanto, tornai toda a armadura de Deus."

Precisamos fazer sempre distinção entre a vontade e a permissão de Deus, .ou seja, o seu desígnio providenciai relativo a nós. A vontade eterna de Deus é imutável ; é com .a sua permissão que temos de lutar diante dele. Nossa reação à sua permissão nos capacita ou não a chegar à sua vontade. "Todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" - dos que permanecem fiéis à vontade eterna de Deus, ao seu chamado em Cristo Jesus. A sua permissão é o meio pelo qual seus filhos se revelam. ...Não devemos ser meros conformistas, dizendo: "Ah, isso é vontade de Deus." Não temos que lutar com Deus mas, sim, lutar diante de Deus. Tenhamos cuidado para não ficarmos acomodados diante de Deus em vez de lutar valorosamente para apropriar-nos de sua força.

15 de Dezembro

Aprovado Para Deus

"Procura apresentar-se a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,

que maneja bem a palavra da verdade." - 2 Timóteo 2.15.



Se existe alguma verdade que ..você não consegue expor, insista até que o consiga. Se não o fizer, alguém ficará mais pobre para o resto da vida Esforce-se para enunciar para si mesmo alguma verdade de Deus, e ele o levará a expressá-la para abençoar outra pessoa. ..Passe pelo lagar de Deus, onde as uvas são esmagadas.Você deve lutar até conseguir expressar essa verdade experimentalmente, e, então, tempo virá em que ela se transformará em vinho para fortalecer a outros; mas, se você se acomodar, e disser: "Não vou lutar para expressar isso por mim mesmo, vou lançar mão das idéias de terceiros", a exposição não terá utilidade para você, nem servirá para mais ninguém. Tente expor para si mesmo o que você crê ser uma verdade de Deus, e assim ele terá a oportunidade de passá-la a outrem através de você.

Crie o hábito de desafiar a sua mente a analisar os fatos que ela aceita sem questionar. As posições que assumimos não serão realmente nossas enquanto não as tornarmos nossas pelo sofrimento. O escritor que mais nos beneficia não é aquele que nos lega algo que não sabíamos, mas aquele que expressa uma verdade que já estava em nosso interior e desejávamos ansiosamente saber manifestar.



14/12/2010

14 De Dezembro

A Grande Vida
"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou... Não se turbe o vosso coração", João 14,27




Sempre que nos deparamos com uma encruzilhada difícil em nossa experiência evangélica, corremos aquele risco de culpar Deus por isso; mas, somos nós que estamos errados, não pode ser ele; é que há em nós alguma forma de mal a que não queremos renunciar. Assim sendo, logo que abrimos mão disso, tudo se torna claro como a luz do dia. Enquanto tentarmos servir a nós mesmos e a Deus ao mesmo tempo, permaneceremos confusos e baralhados. Nossa atitude deve ser de completa confiança em Deus apenas. Quando agirmos assim, nada nos será mais fácil do que uma vida santa; a dificuldade surge quando queremos usurpar a autoridade do Espírito Santo em nós para a realização dos nossos próprios fins.
Sempre que possamos obedecer a Deus, esse acto será prontamente selado com aquele testemunho da nossa paz, não natural, mas, especial e incompreensível para todos nós, isto é, a paz de Jesus. Caso não sintamos essa paz dentro de nós, devemos esperar até que ela chegue ou, então, procurar descobrir por que razão ela não chega. E se estivermos agindo através de impulsividade e mesquinhez, ou em busca dum sentimento de heroísmo para impressionar os demais, não sentiremos essa paz dentro de nós, já que esse nosso gesto não demonstra em nada, nem a simplicidade nem confiança em Deus. A simplicidade nasce do Espírito Santo, não de nossas decisões, pois, elas opõem-se claramente a essa simplicidade, a esse tipo de simplicidade específica.
As dúvidas surgirão apenas sempre que deixamos de obedecer-lhe especificamente. Quando obedecemos a Deus, os problemas nunca se interpõem entre nós e ele, mesmo que os haja; servem, isso sim, de ferrão para fazer com que a mente fique ainda mais maravilhada ante a revelação que nos chega de Deus. Todos os problemas que possam surgir quando estamos em disposição de obediência para com Deus - e surgem muitos - aumentará o nosso gozo espiritual, porque sabemos que o nosso Pai tem conhecimento desses mesmos problemas; então, ficamos a observar e, em antecipação, a ver como ele os solucionará por nós.

13/12/2010

13 De Dezembro

Oração Intercessória e Eficaz
"Orar sempre e nunca esmorecer", Lc 18,1




Não pode interceder de forma real e eficaz caso não tenha como crer na realidade da redenção; apenas fará da intercessão uma fútil compaixão por humanos como você, o que apenas aumentará o contentamento deles longe de Deus devido à sua simpatia por estarem separados de Deus, em vez de descontentes com isso. Na intercessão, colocamos diante de Deus uma pessoa ou uma das circunstâncias específicas nas quais ela esteja envolvida, até nos sentirmos motivados pela atitude de Deus para com aquela pessoa ou circunstância peculiar e pontual. Interceder significará, apenas, preencher "o que resta das aflições de Cristo", 
Cl 1,24; será por isso que existem tão poucos intercessores de verdade. A intercessão é apresentada, por vezes, da seguinte maneira: "Coloque-se no lugar de fulano". Nunca! Interceder é colocar-se no lugar de Deus.
Uma vez envolvido nesse ministério, tenha o cuidado de estar sempre ouvindo o que Deus lhe quer comunicar sobre a realidade das situações perante as quais se depara, senão será esmagado sob o peso das mesmas. Se chegar a saber algo a respeito de certa pessoa, por quem ora, mais do que Deus quer que você saiba, não conseguirá orar continuamente, pois as terríveis condições nas quais se acha impedi-lo-ão de enxergar realidades.
Nossa responsabilidade será sempre consultar Deus a respeito de tudo que pretendemos; mas, entretanto, esquivamo-nos e tornamo-nos servos activistas em vez de leais para com Deus. Estamos prontos a fazer tudo aquilo que pode ser relatado, mas, interceder não. A intercessão é a única actividade nobre que não oferece armadilhas, porque mantém o nosso relacionamento com Deus estreitamente aberto e ligado.
Nesse tipo de intercessão, precisamos ter aquele cuidado específico de nunca virmos a colocar "remendos" e compromissos desleais na alma das pessoas; elas têm que entrar em contacto directo com aquela vida de Deus. Pense em quantas pessoas Deus colocou em seu caminho e você as abandonou ou empurrou para fora dessa vida. Quando oramos com base na redenção, por meio desse tipo de intercessão, Deus realiza coisas que, de outra forma, estaria impossibilitado de as realizar.

12/12/2010

12 De Dezembro

Personalidade
"Para que sejam um, como nós o somos", João 17.22




A personalidade é aquela coisa única, peculiar e profunda que nos faz distintos de todas as demais pessoas. A nossa personalidade é complexa demais para a compreendermos bem. Uma ilha no mar pode ser apenas o cume de uma grande montanha abaixo de água. A personalidade é como uma ilha; não sabemos nada sobre as profundezas que existem abaixo dela e, por consequência, não somos capazes de nos poder avaliar a nós mesmos mediante o que sabemos de nós mesmos. Inicialmente, achamos que podemos, mas, acabamos por entender que só existe um Ser capaz de nos entender muito bem e é quem nos criou.
A personalidade é uma característica do interior de todo o homem espiritual, como a individualidade é uma característica do homem exterior. Torna-se impossível para nós podermos definir o Senhor Jesus em termos de individualidade e de forma independente, mas, apenas em termos de personalidade diremos que, "Eu e o Pai somos um", João 10:30. A personalidade tem a propriedade de se poder vir a unir a outra; assim, cada pessoa só alcança a sua verdadeira identidade quando se une a outra. Quando o amor, ou o Espírito de Deus toca em alguém, essa pessoa transforma-se e não mais insiste em sua individualidade como sendo distinta. O Senhor nunca defendeu a individualidade ou um posicionamento isolado de cada indivíduo; as suas palavras eram em defesa da personalidade: "Que sejam um, como nós somos um". Se você entregar a Deus os direitos que tem sobre si mesmo, logo ali a verdadeira natureza da sua personalidade corresponder-se-á com a dele intimamente. Quando é Jesus Cristo quem emancipa a personalidade, toda aquela individualidade que temos logo se transfigura; o elemento de transfiguração é o amor, a nossa devoção pessoal a Jesus Cristo em pessoa dentro de nós. O amor é o transbordar dessa personalidade em plena comunhão com a dele.

11/12/2010

11 De Dezembro

Individualidade"Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue", Mt 16,24



A individualidade é a casca dura à volta da vida interior. A individualidade empurra os outros para o lado, separa e isola e não permite que seja tocada. Nós vemos isso como a primeira reacção duma criança e com razão; mas, se confundirmos individualidade com vida pessoal, ficaremos isolados de tudo que tem valor também. Essa casca de individualidade é um invólucro natural criado por Deus para a protecção da nossa vida individual, espiritual e caracteristicamente pessoal; contudo, a individualidade tem que se romper para que a vida pessoal possa desabrochar e entrar dentro duma comunhão individual e pessoal com Deus. Confundimos individualidade com espiritualidade, assim como confundimos lascívia com amor. Deus criou a natureza humana para ele mesmo; a individualidade degrada a natureza humana fazendo-a subsistir e existir só para si mesma.
As características da individualidade são independência e auto-afirmação. O que mais atrapalha a nossa vida espiritual é a constante auto-afirmação de nossa individualidade pessoal e individual. Quando teima em dizer: "Não consigo crer", é a individualidade que está por ali entrelaçada com alguma coisa; a individualidade nunca consegue crer. Mas, o nosso espírito não pode deixar de crer. Cuide-se quando o Espírito de Deus estiver em acção dentro de si. Ele o empurrará para as margens da sua individualidade; e você terá duas opções: dizer "não!" ou render-se e quebrar a casca da sua individualidade protectora para permitir que a vida pessoal surja e irrompa de dentro de si. O Espírito Santo sempre nos apontará essa como única questão, Mt 5,23-24. O que me impede de reconciliar-me com o meu irmão é a minha individualidade pessoal. Deus quer levá-lo a uma união de facto só com ele, mas, a menos que você se disponha a renunciar a todos os seus direitos sobre si, ele não poderá fazê-lo. "Negue-se a si mesmo " - negue o seu direito "independentista" para que toda a sua vida verdadeira tenha aquela oportunidade de vir a crescer.

10/12/2010

10 De Dezembro

O Sacrifício de Tudo Que é Natural
"Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre", Gl 4,22




Neste capítulo de Gálatas, Paulo não lida com o pecado, mas, da relação que existe entre o âmbito natural e o espiritual. O natural deve ser transformado em espiritual através do sacrifício, senão ocorrerá um divórcio desastrado da vida real. Por que Deus ordenaria que o natural fosse sacrificado? Ele não ordenou. Não se trata de uma ordem de Deus, mas, de sua vontade permissiva. A determinação de Deus foi de que o natural se transformasse em espiritual através da obediência incondicional; mas, a presença do pecado tornou necessário que o natural fosse sacrificado logo ali.
Abraão teve que oferecer Ismael antes mesmo de poder oferecer Isaque. Alguns de nós estamos a tentar oferecer sacrifícios espirituais a Deus antes de sacrificarmos tudo aquilo que nos possa ser natural. O único meio de podermos oferecer a Deus um sacrifício espiritual, será apresentar o nosso corpo como sacrifício vivo a ele diante dele. A santificação significa mais do que libertação do nosso pecado; significa uma entrega deliberada de mim mesmo, a Deus, sem importar-me com o preço que me irá custar ainda.
Se não sacrificarmos o natural ao espiritual, a vida natural zombará da vida do Filho de Deus dentro de nós, produzindo uma permanente vacilação e oscilação em todos os nossos passos e mecanismos. Isso é sempre produto de uma natureza espiritual indisciplinada e irascível. Erramos por sermos teimosos, recusando-nos a disciplinar-nos física, moral e mentalmente. "Eu nunca fui disciplinado quando era criança". Mas, tem que se disciplinar agora. Se não o fizer, a sua vida pessoal não irá ter qualquer valor para Deus.
Enquanto persistirmos em tornar a nossa vida natural mimada e acariciada por nós mesmos, Deus não terá porque a abençoar; quando, porém, a colocarmos no deserto e resolutamente a subjugarmos a ele e a nós mesmos para lhe obedecer incondicionalmente, então Jesus será com ela; abrirá poços e oásis dentro de nós e cumprirá todas as suas promessas em relação à nossa vida natural, Gn 21,15-19.

09/12/2010

9 De Dezembro

Quando a Vida Natural se Opõe
"E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências", Gl 5,24



A nossa vida natural não é pecaminosa; devemos separá-la de todo pecado e não ter nada a ver com ele sob qualquer forma ou pretexto. O pecado nasceu do inferno e do diabo; então, eu, como filho de Deus, pertenço ao céu e a Deus. A renúncia aqui não é ao pecado, mas, aos meus direitos sobre mim mesmo que é o que faz o pecado em sua essência, sobre minha independência e auto-confirmação; e é aí que a batalha se trava, nessa esfera. São coisas justas, nobres e boas do ponto de vista natural que nos mantêm afastados do melhor que há em Deus. Quando entendemos que as virtudes naturais se opõem naturalmente à nossa rendição total a Deus, estamos em vias de colocar toda a nossa alma bem no centro do seu maior campo de batalha. A maioria dos cristãos não questiona sequer nada mais sobre a malignidade do pecado, do mal e do erro, mas, no entanto, nos embaraçamos no que é bom na aparência. É o bom que é inimigo do melhor; e quanto mais alto subimos na escala das nossas virtudes naturais, tanto mais intensa será a oposição a Jesus Cristo. "E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne" - os custos reais são sacrificar em nós tudo que há de natural e não apenas algumas coisas que há de mal. Jesus disse: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo", Mt 16,24, ou seja, renuncie a todos os seus direitos sobre si mesmo; e ninguém o fará enquanto não compreender quem é Jesus Cristo de forma real e evidente. Cuidado para não se recusar a assistir ao velório e funeral da sua própria independência.
A vida natural não é pecaminosa, mas, também não é espiritual e só pode tornar-se espiritual através do sacrifício dela. Se não sacrificarmos resolutamente tudo aquilo que é natural, o sobrenatural nunca poderá tornar-se natural dentro de nenhum de nós. Não há um caminho fácil para se poder chegar lá; a responsabilidade é sempre de cada qual. E não é uma questão de oração, mas, de prática, de acção voluntária e activa contra si próprio.

8 De Dezembro

O Poder Imparcial de Deus"Porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados", Hb 10,14



Se pensarmos que somos perdoados por estarmos arrependidos de nossos pecados, estamos afrontando o sangue do Filho de Deus. A única explicação para o perdão de Deus e para a insondável profundidade da sua capacidade de esquecer tudo que fizemos, é a morte de Jesus Cristo. Nosso arrependimento é simplesmente o resultado desse nosso reconhecimento pessoal da expiação que ele realizou por nós em nós. "Cristo Jesus... se nos tornou... sabedoria e justiça e santificação e redenção", 1Co 1,30. Logo que compreendemos que Cristo se tornou tudo isso por nós, começamos a sentir o sublime gozo de Deus dentro; e onde não houver este gozo, a sentença de morte contra todo pecado entrará em ação irreversível a partir de então.
Não importa quem somos ou o que somos, temos reconciliação completa com Deus através da morte de Jesus Cristo e por nenhum outro meio alternativo o teremos e não porque ele a suplique, mas, porque ele morreu na cruz de vez. Não a obtemos por méritos pessoais, mas, pela sua aceitação. Toda súplica que deliberadamente se recusa a reconhecer a cruz, para nada serve; é o mesmo que bater numa outra porta sem ser na que Jesus abriu por nós. "Não quero passar por esse caminho; é humilhante demais ser recebido como pecador". "Não existe nenhum outro nome... pelo qual possamos ser salvos", At 4,12. Essa aparente insensibilidade de Deus, na verdade, é a expressão do seu coração, pois pelo caminho que ele propõe, as possibilidades de entrada no reino serão, a partir de então, ilimitadas. "Nele temos a redenção, pelo seu sangue", Ef 1,7. Identificarmo-nos com a morte de Jesus Cristo significa identificarmo-nos com ele para morrermos para tudo que não se relaciona com Jesus.
Deus só é justo em salvar homens maus se os tornar justos e bons também. O Senhor não faz de conta que estamos bem quando, na verdade, não estamos e nos achamos em erro. A expiação é uma propiciação através da qual Deus, com a morte de Jesus, torna santo um homem que sempre foi ímpio.

07/12/2010

7 de Dezembro

Arrependimento
"Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação", 2 Co 7.10.

A melhor descrição de convicção de pecado que existe é a seguinte:  
"Meus pecados, meus pecados, Salvador meu, Com tristeza recaem sobre Ti!"
A convicção do pecado é uma das experiências mais raras que os homens obtêm. É o limiar de uma compreensão e compensação entre eles e Deus. Jesus Cristo disse que quando o Espírito Santo viesse ele teria como missão convencer-me do pecado. Quando o Espírito Santo desperta a consciência de uma pessoa e a conduz até à presença de Deus, o único relacionamento com que ela se preocupa naquele exato momento, será seu relacionamento com Deus: "Pe­quei contra ti, contra ti somente pequei e fiz o que é mal perante os teus olhos", Sl 51,4. A maravilha da convicção de pecado, do perdão e da santidade entrelaçam-se de tal forma que só a pessoa perdoada se torna santa; ela prova que está perdoada quando, pela graça de Deus se torna o oposto do que foi até ali. O arrependimento leva sempre qualquer pessoa a esse ponto de partida: "Pequei". O sinal mais certo de que Deus está operante em alguém, é quando ele faz essa declaração e o faz com sinceridade verídica. Tudo aquilo que ficar aquém disso é remorso por ter cometido um engano, um reflexo daquele fato de estar irritado consigo mesmo por não haver feito melhor. A pessoa entra no reino quando as dores atrozes do arrependimento colidem com a sua dignidade em competição assumida; então o Espírito Santo, que gerou essa agonia em nós, começa a formação do Filho de Deus dentro daquela vida. A nova vida se manifestará através dum arrependimento consciente e duma santidade inconsciente — nunca o contrário disso. A pedra fundamental e basilar do cristianismo é o arrependimento. Para ser exato, ninguém pode arrepender-se na hora que quer, pois o arrependimento é uma dádiva de Deus sobre a coisa certa. Os Puritanos costumavam orar pedindo o "dom das lágrimas". No dia em que você deixar de conhecer a virtude do arrependimento em si por si, achar-se-á em trevas. Examine-se e verifique se já se esqueceu do que é arrepender-se.

06/12/2010

6 de Dezembro

“Meu Arco-íris nas Nuvens”
"Porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra", Gn 9,13.

A vontade de Deus é que os seus seres humanos entrem numa aliança e num relacio­namento moral com ele e todas as alianças que faz conosco têm somente essa finalidade. Por que Deus não me salva? Ele me salvou, mas não entrei em relaciona­mento com ele. Por que Deus não faz isso ou aquilo? Ele já fez; mas a questão é — estou relacionado com a aliança e com ele nela? Todas as bênçãos de Deus são consumadas e completas, mas não se tornarão minhas enquanto eu não entrar em relacionamento exclusivo com ele, com a sua aliança como base fixa.
Esperar que Deus vá agir havendo agido já, é demonstrar incredulidade, pois significa que não tenho fé nele e por isso ainda espero que vá agir; espero que ele faça alguma coisa em mim para que depois possa confiar naquilo que fez e não nele. Deus não o fará, porque não é essa a base fixada do relacionamento dele com o homem. O homem tem que tomar a iniciativa em sua aliança com Deus, a que já se acha feita e integrada, como Deus tomou a sua iniciativa quando fez sua aliança com o homem. É uma questão de ter fé em Deus — a coisa mais rara na terra; temos fé apenas em nossos sentimentos e no que sentimos ser verdade. Eu não crerei em Deus enquanto ele não puser em minha mão alguma coisa para que eu possa saber que a tenho; aí então direi: "Agora sim, agora creio". Isso não é fé. "Olhai para mim e sede salvos", Is 45,22.
Quando entro de fato no acordo de Deus em uníssono com ele sobre sua aliança e me posso entregar inteiramente só a ele, não há nisso nenhum sentimentalismo de mérito, nenhum esforço humano, mas um singular sentido de estar em uníssono com Deus perante ele. Aí, com paz e alegria, tudo se transfigura diante de mim e em mim diante dele.

05/12/2010

5 de Dezembro

“O Templo do Espírito Santo”
"Somente no trono eu serei maior do que tu…", Gn 41,40.

Tenho que prestar contas a Deus agora e depois, da maneira pela qual governo o meu corpo, sendo ele quem domina. Paulo diz: "Não anulo a graça de Deus", Gl 2,21 — não a torna sem efeito. A graça de Deus é absolutamente incontestável e a salvação de Jesus perfeita e suficiente, consumada para sempre. Não estou sendo salvo; estou salvo, pois a salvação é tão eterna quanto o trono de Deus; o que eu tenho de fazer é pôr em prática o que Deus opera em meu interior. "Desenvolvei a (nossa) vossa salvação", Fl 2,12; eu sou responsável por saber fazer uso de tudo quanto me for fornecido. Isso significará que tenho de manifestar neste corpo a vida do próprio Senhor Jesus, não de maneira mística, mas ela mesmo de forma real e clarividente. "Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão", 1Co 9,27. Todo crente evangélico pode manter o seu corpo sob absoluto controlo, pela causa de Deus. Deus nos deu o controle absoluto sobre o templo do Espírito Santo, 1Co 6,19, inclusive sobre ima­ginações e afeições dele, pelas quais seremos sempre tidos como responsáveis; nunca de­vemos entregar-nos a afeições desordenadas. A maioria dos cris­tãos é mais exigente com os outros do que consigo próprios; ar­ranjamos desculpas para nossas falhas, quando condenamos, nos outros, todas aquelas coisas para as quais não temos nossa inclinação natural virada.
"Rogo-vos, pois, irmãos", diz Paulo, "que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo", Rm 12,1. A questão a decidir será se concordo com meu Senhor e Mestre que meu corpo é o Seu templo exclusivo. Caso assim seja, então toda a lei de Deus para mim em relação ao meu corpo, resume-se nesta revelação — meu corpo é “o templo do Espírito Santo”.

04/12/2010

4 de Dezembro

A Lei da Oposição
"Àquele que vencer..." Ap 2,7.

Vida não existe sem conflitos e será impossível de haver, tanto na esfera natural quanto na esfera do sobrenatural. É um fato da vida física, mental, moral e espiritual que existam casos dramáticos para serem resolvidos continuamente.
A saúde é o equilíbrio entre esta vida física e as forças que nos possam rodear no nosso exterior e a nossa natureza; esse equilíbrio só se mantém e sustém quando há vitalidade interior bastante para resistir às agressões externas exercidas sobre nós. Tudo o que existe ao redor da minha vida física destinar-se-á a levar-me à morte a qualquer custo. As mesmas coisas que me sustentam enquanto estou vivo, desintegram-me quando estiver morto. Se eu possuir força suficiente e combativa dentro de mim, alcançarei um maravilhoso equilíbrio na minha saúde. O mesmo se pode afirmar em relação à minha vida moral; se meu desejo é manter uma vida mental vigorosa e rigorosa, terei de lutar para vencer; e será assim, dessa maneira, que se produzirá o equilíbrio mental em nós, aquilo a que chamamos de pensamento.
Moralmente, ocorre o mesmo dentro de todos nós. Tudo que não seja um participante da nossa nature­za e virtude, é constituído inimigo das virtudes existentes em mim e vencer e produzir virtude depende do calibre moral que possa possuir e manter ainda. Tão logo me entregue a essa luta sem tréguas, torno-me um agente moral nesse confronto e ponto particular. Nenhum homem se pode tornar virtuoso por compulsão; as virtudes são adquiridas, trabalhadas e operadas em nós.
E a obra espiritual dá-se da mesma maneira. Jesus disse: "No mundo tereis aflições", João 16,33, ou seja, tudo o que não seja espiritual contribuirá apenas e simplesmente para a minha ruína, mas — "tende bom ânimo, eu venci o mundo". Tenho necessariamente de aprender a superar as coisas que se amotinam e se reúnem contra mim para, dessa maneira, produzir o equilíbrio da santidade; então, enfrentar a oposição torna-se uma alegria e nunca uma tristeza acumulada.
A santidade é o equilíbrio entre a minha disposição e a lei de Deus conforme expressa e manifesta em Jesus Cristo e por Ele através de mim.

03/12/2010

3 de Dezembro

“Não por Força nem por Violência”
"A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder", 1Co 2,4.

Se, ao pregarmos o evangelho, substituirmos a confiança no poder do evangelho pelo conhecimento que temos do próprio caminho da salvação, impe­diremos que as pessoas cheguem à verdade por nós e por Cristo. Precisamos ter aquele cuidado especial de que, ao proclamar nossos conhecimentos sobre o caminho da salva­ção, nós mesmos estejamos arraigados e alicerçados na fé em Deus para nossa própria defesa contra o pecado. Jamais confiemos na clareza de nossa exposição; mas, ao sabermos desen­volvê-la, certifiquemo-nos de que nós estamos confiantes na obra do Espírito Santo em nós, apenas. Confiemos na certeza do poder redentor que vem com Deus e ele reproduzirá da vida dele em quantos nos ouvem também.
Uma vez que estamos arraigados pela verdade, nada poderá aba­lar-nos; se nossa fé se baseia em experiências pessoais e explanadas, qualquer problema de menor terá, provavelmente, como abalar e fazer tremer nossos fundamentos de vida. Mas nada poderá abalar Deus ou a poderosa realidade da redenção, se ela existir, de fato, em nós por nós. Fundamente sua fé nessa base peculiar e exclusiva e achar-se-á eternamente tão seguro quanto Deus está. Depois que de poder entrar num contacto pessoal com Jesus Cristo, nunca mais será abalado por nada deste mundo. Esse é o verdadeiro e inquestionável significado da santificação. Quando começamos a aceitar a concepção de que a santificação é meramente uma experiência e nos esquecemos de que a própria santificação tem que ser santificada, João 17.19, Deus desaprovará tudo acerca dessa experiência pessoal. Tenho que poder oferecer deliberadamente a Deus toda a minha vida santificada para que possa ser transposta e colocada no seu serviço com a finalidade expressa de que ele possa usar-me como suas mãos e como seus próprios pés.

02/12/2010

2 de Dezembro

Perfeição Cristã
"Não que eu o tenha já recebido, ou tenha já obtido a perfei­ção..." Fl 3,2.

Trata-se dum erro crasso aludirmos que Deus quer fazer de nós exemplos de perfeição como criaturas dele. O projeto de Deus é fazer-nos um com ele acima de tudo. Alguns movimentos de renovação tendem a ensinar que Deus está a produzir espécimes de santos para colocar no seu museu celestial ou aqui na terra. Caso permita-se a veleidade de embarcar nessa idéia de santidade pessoal e exclusiva, seu alvo principal não será Deus, mas o que você chama de manifestação de Deus em sua vida pessoal. "Nunca poderá ser vontade de Deus que eu fique doente". Se foi vontade de Deus ferir seu próprio Filho, por que razão você não seria ferido como filho dele também? O que conta para Deus não é a sua fidelidade à idéia do que deve ser um "santo", mas antes e acima de tudo o relacio­namento vital que mantém com Jesus Cristo e a sua entrega a ele individualmente, quer você esteja enfermo ou num estado excelente de saúde.
A perfeição evangélica não é e nunca será um tipo de perfeição humana. A perfeição cristã é uma perfeição existente e real vinda e nascida a partir dum relacionamento vivo que se mantém com Deus em absoluta exclusividade, a qual se pode manifestar desde as coisas mais irrelevantes da vida humana, como de todas as outras. Quando obedecemos ao chamado de Jesus Cristo, a primeira coisa que notamos é a irrelevância, para Deus e nós, das coisas que, supostamente, temos de fazer e o que notamos de seguida, é o fato de que as outras pessoas parecem estar a viver vidas perfeitamente coerentes. Tais pessoas tendem a deixar-nos com a impressão de que Deus é desnecessário e que mediante a dedicação e o esforço humano poderemos alcançar o padrão devido e plenamente desejado por Deus em nós. Num mundo decaído, isso jamais será possível sem o poder de Deus efetivado em nós mesmos ainda aqui. Somos chamados a viver em perfeita harmonia com o nosso relacionamento com Deus, com a finalidade expressa de que nossa vida possa trazer e produzir noutros um grande anseio por Deus e não pela santidade apenas e muito menos admiração pela nossa pessoa. Preocupações e ilusões acerca de nós próprios, tratarão de diminuir drasticamente a nossa utilidade em relação a Deus. Deus não visa apenas aperfeiçoar-nos para que sejamos peças de exposição em seu teatro de guerra contra o pecado; seu alvo é levar-nos ao ponto onde possa usar-nos através de Jesus Cristo também. Permita que ele possa e tenha como fazer o que lhe agrada imenso. 

01/12/2010

1 de Dezembro

A Diferença Entre a Lei e o Evangelho
"Pois, qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, 
se torna culpado de todos", Tiago 2,10.

A lei moral não toma nota nem leva em consideração, de nenhuma maneira, nossas ditas falhas e fraquezas como seres humanos; ela não leva em conta nossa hereditariedade e fraquezas, mas exige que sejamos integralmente morais como Deus. A lei moral nunca se alterará, nem para os mais nobres, nem para os mais fracos; ela será eternamente inquestionável e sempre a mesma. A lei moral ordenada por Deus não se faz fraca para os fracos, não encobre os defeitos de quem os tem, mas permanece imutável pelos tempos dos tempos e por toda a eternidade fora. Se não a reconhecermos assim, é porque não estamos vivos em Deus; assim que nos tornamos vivos, a vida acaba por se tornar uma tragédia. "Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado e eu morri", Rm 7,9. Quando reconhecemos isso, então o Espírito de Deus nos convence do pecado – de todo pecado. Enquanto isso não acontecer e não entendermos que não há esperança, a cruz de Jesus Cristo é uma farsa para qualquer um de todos nós. A convicção do pecado faz qualquer homem sentir-se preso pela lei e sem esperança possível, "vendido à escravidão do pecado", Rm 7,14. Eu como um pecador culpado, por mim mesmo nunca poderei reconciliar-me com Deus porque já estou irreconciliável em mim mesmo. Só existe um meio pelo qual serei justificado diante de Deus: a morte de Jesus Cristo efetuada em mim também. Preciso de me livrar do conceito que me ronda de que poderei um dia reconciliar-me com Deus pela minha obediência sem Cristo vivente em mim mesmo — qual de nós poderia obedecer a Deus com absoluta perfeição assim?
Só reconheceremos o poder desta lei moral quando ela vem precedida por um "se". Deus nunca nos coage. Em certos momen­tos, dependendo do nosso humor, gostaríamos que Deus nos obri­gasse a obedecer-lhe em tudo; noutros, porém, gostaríamos que ele nos deixasse em paz. Mas sempre que a vontade de Deus está em primeiro lugar para nós, não sentiremos em nós a menor sensação de coerção e obrigatoriedade. Quando tomamos a deliberação de lhe obedecer, então ele moverá os céus e terra para a nosso favor com toda a pujança do seu poder.